Nicolás Maduro declarou, de forma enganosa, que Jair Bolsonaro questionou o resultado das eleições de 2022, enquanto criticava Lula indiretamente.
O ditador venezuelano Nicolás Maduro fez uma declaração enganosa ao afirmar que Jair Bolsonaro contestou o resultado das eleições presidenciais brasileiras de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva. Em um discurso proferido na quarta-feira (28/8), Maduro tentou criar a narrativa de que o Brasil também enfrentou acusações de fraude eleitoral, insinuando que a comunidade internacional não se envolveu no processo.
Maduro mencionou que, assim como ele, Bolsonaro teria denunciado fraudes nas eleições e que o ex-presidente brasileiro não reconheceu os resultados. “No Brasil, houve eleições e o presidente Bolsonaro, presidente na época, disse que haveria fraude, como presidente ele disse que, se perdesse, gritaria fraude. […] Bolsonaro não reconheceu os resultados. Houve recursos perante o Supremo Tribunal (TSE) e a decisão foi que os resultados eleitorais davam como vencedor o presidente Lula”, declarou Maduro.
No entanto, os fatos não corroboram essa afirmação. Durante 2022, Bolsonaro sugeriu que não aceitaria o resultado caso não houvesse voto impresso, mas, quando Lula foi declarado vencedor, ele não contestou formalmente o resultado. O que ocorreu foi que Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), questionou no TSE o funcionamento das urnas eletrônicas através de um relatório que solicitava a invalidação de votos em urnas fabricadas até 2020.
O então presidente do TSE, Alexandre de Moraes, rejeitou o pedido do PL e ainda multou o partido em R$ 22 milhões por litigância de má-fé, destacando a inconsistência das alegações apresentadas.
Além de suas acusações contra Bolsonaro, Maduro aproveitou para criticar indiretamente Lula ao sugerir que, ao contrário do que aconteceu com a Venezuela, a comunidade internacional não interferiu quando o resultado das eleições brasileiras foi questionado. Maduro enfatizou que a Venezuela respeitou as instituições brasileiras e que o país vizinho deveria resolver seus próprios assuntos internamente.
O pronunciamento de Maduro ocorreu cerca de um mês após sua própria eleição, da qual ele afirma ter saído vitorioso, embora sem apresentar evidências que comprovem a legitimidade do processo.
