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Meta Enfrenta Acusações de Falha na Proteção de Crianças e Adolescentes nas Redes Sociais

Processos legais mostram que a Meta negligenciou a segurança de jovens usuários, priorizando o engajamento nas redes sociais Instagram e Facebook.


Em abril de 2019, David Ginsberg, um executivo da Meta, enviou um e-mail a Mark Zuckerberg propondo uma pesquisa para reduzir a solidão e o uso compulsivo do Instagram e do Facebook. Ele destacou que a empresa enfrentava críticas pelo impacto de seus produtos, especialmente em relação ao uso problemático por adolescentes. Ginsberg solicitou a alocação de 24 engenheiros e pesquisadores para o projeto.

Uma semana depois, Susan Li, então diretora financeira, informou que o projeto não seria financiado devido a restrições de pessoal. Adam Mosseri, chefe do Instagram, também recusou o financiamento.

Essas trocas de e-mails são parte das evidências citadas em mais de uma dúzia de ações judiciais movidas pelos procuradores-gerais de 45 estados e do Distrito de Columbia. Os estados acusam a Meta de enganar adolescentes e crianças, omitindo os perigos das plataformas. Os procuradores buscam obrigar a empresa a melhorar as proteções para menores de idade.

Preocupações com a Segurança dos Jovens

Uma análise do New York Times dos processos revela que Zuckerberg e outros líderes da Meta frequentemente promoveram a segurança das plataformas, minimizando os riscos para os jovens e rejeitando apelos internos para reforçar as proteções. “Muitas dessas decisões caíram na mesa do Zuckerberg”, disse Raúl Torrez, procurador-geral do Novo México. “Ele precisa ser responsabilizado pelas decisões que tomou.”

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As ações judiciais refletem preocupações crescentes de que adolescentes e crianças possam sofrer assédio e uso compulsivo nas redes sociais. Em resposta, Liza Crenshaw, porta-voz da Meta, afirmou que a empresa está comprometida com o bem-estar dos jovens e possui mais de 50 ferramentas de segurança para eles, incluindo restrições de conteúdo inadequado e limitações de mensagens diretas.

Foco nos Adolescentes

Desde 2016, adolescentes têm sido foco estratégico da Meta. Em 2017, Kevin Systrom, CEO do Instagram, pediu mais recursos para mitigar danos aos usuários. Zuckerberg respondeu que incluiria o Instagram em planos de contratação, mas destacou que o Facebook enfrentava “problemas mais extremos” devido à desinformação durante a eleição presidencial dos EUA de 2016.

Em 2018, um relatório estimou que 4 milhões de crianças menores de 13 anos estavam no Instagram, violando as políticas de privacidade da empresa. A Meta afirmou que removeu regularmente contas que não atendiam aos requisitos de idade.

Impacto da Cambridge Analytica

Em março de 2018, foi revelado que a Cambridge Analytica havia coletado dados pessoais de milhões de usuários do Facebook, intensificando o escrutínio das práticas de privacidade da Meta. Zuckerberg testemunhou no Senado, afirmando que menores de 13 anos não eram permitidos no Facebook, o que foi contestado por procuradores-gerais.

A Meta disse que remove contas de menores de idade quando identificadas e que regularmente exclui centenas de milhares de contas que não provam atender aos requisitos de idade.

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Texto adaptado de O Globo

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