Grande parte dos músicos da Paraíba aguardam ansiosamente o início dos festejos juninos, especialmente no município de Campina Grande, palco do renomado “Maior São João do Mundo”. Durante 30 dias, a cidade se transforma em um verdadeiro arraial, atraindo turistas e proporcionando aos músicos uma oportunidade significativa de aumentar sua renda. No entanto, uma crescente insatisfação tem tomado conta desses profissionais. Recentemente, músicos locais denunciaram o baixo valor dos cachês destinados aos trios pé-de-serra e grupos de forró locais, gerando um debate acalorado sobre a valorização da cultura musical paraibana.
De acordo com a Associação dos Forrozeiros da Paraíba (Asforro-PB), a organização do evento anunciou cachês de R$ 800 para trios pé-de-serra e R$ 1.500 para grupos de forró locais. Esses valores são considerados insuficientes pelos artistas, especialmente quando comparados aos cachês pagos a atrações de fora do estado, que frequentemente recebem quantias significativamente maiores por apresentações de curta duração.
Valorização da cultura local em debate
Em resposta à situação, o presidente da Asforro-PB, Ecarlos Carneiro, juntamente com outros músicos, gravou um vídeo no gabinete do vereador Napoleão Maracajá. No vídeo, eles solicitaram apoio para buscar uma solução justa, destacando a discrepância nos valores pagos às atrações locais em comparação com aquelas de outros estados.
A questão foi levada à Câmara Municipal de Campina Grande, onde uma audiência pública foi realizada no último dia 16 de maio. Proposta pelo vereador Napoleão Maracajá, a audiência teve como objetivo discutir a valorização dos artistas locais na preparação para a edição de 2024 do Maior São João do Mundo, que começa no dia 29 deste mês.
Durante a audiência, diversos problemas foram abordados, incluindo a contratação de trios de forró, bandas e cantores solo de Campina Grande e de outras regiões da Paraíba. A principal queixa dos músicos é a disparidade nos cachês pagos, que desestimula a participação de ícones do forró tradicional, enfraquecendo a presença da autêntica música nordestina no evento.
Repercussões e expectativas futuras
Especialistas em cultura paraibana e música popular nordestina expressaram suas preocupações com a desvalorização dos artistas locais. Segundo o professor de música e pesquisador cultural João Ricardo Silva, “a manutenção da tradição do forró pé-de-serra depende da valorização justa dos músicos locais. Eventos como o São João de Campina Grande têm um papel crucial na preservação e promoção da cultura regional. A desvalorização financeira desses artistas pode levar à perda de elementos essenciais da nossa identidade cultural.”
Para os músicos, a expectativa é que a audiência pública e a pressão popular resultem em uma revisão dos cachês pagos. Eles defendem que, além de uma remuneração justa, é necessário um reconhecimento adequado do trabalho e da importância cultural dos artistas locais.
O vereador Napoleão Maracajá, que tem sido um defensor ativo dos artistas locais, destacou que “o São João de Campina Grande não seria o mesmo sem a participação dos nossos músicos. Precisamos garantir que eles sejam devidamente valorizados e reconhecidos por sua contribuição à nossa cultura e ao nosso turismo.”
A mobilização dos músicos e o apoio de figuras públicas e especialistas são passos importantes para promover uma mudança na forma como os artistas locais são tratados. A valorização da música popular nordestina e da cultura paraibana de raiz é essencial para manter viva a tradição e fortalecer a identidade cultural da região.
Assista ao vídeo inteiro:
Baseado no artigo de Politica JP.