O relatório “Tecnologia a Seu Modo”, divulgado pela UNESCO, alerta que o conteúdo baseado em algoritmos, especialmente em redes sociais, pode expor meninas a material que vai desde conteúdo sexual até vídeos que glorificam comportamentos prejudiciais ou padrões de corpo irreais. Essa exposição pode ter efeitos especialmente prejudiciais na autoestima e imagem corporal das meninas, impactando sua saúde mental e bem-estar, fundamentais para o sucesso acadêmico.
O relatório destaca também a pesquisa própria do Facebook, que constatou que 32% das adolescentes afirmaram que, quando se sentiam mal em relação aos seus corpos, o Instagram as fazia se sentirem piores. Além disso, ressalta o design viciante do TikTok, caracterizado por vídeos curtos e envolventes, o que pode afetar a capacidade de concentração e hábitos de aprendizagem das meninas, tornando mais desafiador o foco em tarefas educacionais e extracurriculares.
As meninas também sofrem mais cyberbullying do que os meninos, e a ascensão de conteúdo sexual baseado em imagens, deepfakes gerados por IA e imagens sexuais ‘auto-geradas’ circulando online e em salas de aula agrava essa situação. Os resultados demonstram a importância de investimentos na educação, incluindo alfabetização midiática e de informações, e uma regulamentação mais inteligente das plataformas digitais, em linha com as Diretrizes da UNESCO para a Governança de Plataformas Digitais, lançadas em novembro do ano passado.
Estereótipos de gênero negativos reduzem as aspirações das meninas em STEM
Todos esses fatores criam um ciclo vicioso: as meninas são expostas a normas de gênero negativas que são amplificadas pelas redes sociais, são afastadas do estudo de matérias de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) consideradas campos masculinos, e são privadas da oportunidade de moldar as próprias ferramentas que as expõem a esses estereótipos.
Segundo dados da UNESCO, as mulheres representam apenas 35% dos graduados em STEM em nível superior em todo o mundo, um número que não mudou nos últimos 10 anos. O relatório mostra que preconceitos persistentes dissuadem as mulheres de seguir carreiras em STEM, resultando em uma falta de representação feminina na força de trabalho de tecnologia.
Evidências mostram que a transformação digital está sendo liderada por homens. Embora 68% dos países tenham políticas para apoiar a educação em STEM, apenas metade dessas políticas apoia especificamente meninas e mulheres. Os esforços políticos devem buscar promover modelos femininos, incluindo nas redes sociais, para incentivar escolhas de carreira em STEM entre as jovens mulheres. Melhorar o acesso das meninas aos estudos em STEM é fundamental para garantir que as mulheres participem em termos iguais na transformação digital de nossas sociedades e apoiar o design de tecnologias verdadeiramente inclusivas.
Sobre a UNESCO
Com 194 Estados-Membros, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura contribui para a paz e a segurança liderando a cooperação multilateral em educação, ciência, cultura, comunicação e informação. Com sede em Paris, a UNESCO tem escritórios em 54 países e emprega mais de 2300 pessoas. A UNESCO supervisiona mais de 2000 locais do Patrimônio Mundial, Reservas da Biosfera e Geoparques Globais; redes de Cidades Criativas, de Aprendizado, Inclusivas e Sustentáveis; e mais de 13.000 escolas associadas, cátedras universitárias, instituições de treinamento e pesquisa. Sua Diretora-Geral é Audrey Azoulay.
“Como as guerras começam na mente dos homens, é na mente dos homens que as defesas da paz devem ser construídas” – Constituição da UNESCO, 1945.
Mais informações: www.unesco.org
Sobre o Relatório Global de Monitoramento da Educação (GEM)
Estabelecido em 2002, o Relatório GEM é um relatório editorialmente independente, hospedado e publicado pela UNESCO. No Fórum Mundial de Educação de 2015, recebeu um mandato de 160 governos para monitorar e relatar o progresso na educação nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com especial referência ao quadro de monitoramento do ODS 4, e a implementação de estratégias nacionais e internacionais para ajudar a responsabilizar todos os parceiros relevantes por seus compromissos.
Fonte: traduzido do artigo original em inglês