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O Colapso dos Sumidouros de Carbono: Natureza Está Perdendo sua Capacidade de Absorver CO2?

Fitoplâncton no Mar de Barents. O derretimento do gelo marinho expõe o zooplâncton que se alimenta de algas a mais luz solar, o que poderia reduzir a quantidade de carbono armazenada no fundo do mar.Fotografia: Nasa/Alamy

A capacidade dos oceanos, florestas e solos de absorver CO2 diminuiu drasticamente em 2023. Cientistas alertam que essa falha nos sumidouros naturais pode acelerar o aquecimento global.


A capacidade dos sumidouros naturais de carbono, como florestas e oceanos, que absorvem cerca de metade das emissões humanas de CO2, parece estar falhando. Um estudo recente revelou que, em 2023, a quantidade de carbono absorvida pelas terras, incluindo florestas e solos, colapsou temporariamente, levando especialistas a temer que essas estruturas naturais essenciais estejam se deteriorando.

Os oceanos, responsáveis por remover grandes quantidades de carbono da atmosfera, também mostram sinais de instabilidade. O degelo acelerado na Groenlândia e nos polos está interferindo nas correntes oceânicas e expondo o fitoplâncton a mais luz solar, o que poderia comprometer o processo de migração vertical que ajuda a armazenar carbono nas profundezas dos oceanos.

Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam de Pesquisa sobre Impacto Climático, afirmou durante a Semana do Clima de Nova York: “Estamos vendo rachaduras na resiliência dos sistemas da Terra. Os ecossistemas terrestres estão perdendo sua capacidade de armazenar carbono e os oceanos também mostram sinais de instabilidade”. Ele alertou que a capacidade da natureza de equilibrar as emissões humanas está chegando ao fim.

Mesmo que essa quebra do sumidouro terrestre seja temporária, o colapso em 2023 é um sinal da fragilidade dos ecossistemas. Diante da falta de tecnologias eficientes para remover carbono da atmosfera em grande escala, o papel das florestas, pântanos e oceanos é crucial para atingir as metas climáticas globais.

O aumento das emissões e os limites da natureza

A capacidade dos sumidouros naturais de carbono nunca foi completamente integrada nos modelos climáticos. O colapso de 2023 levanta a possibilidade de um aquecimento global mais rápido do que o previsto. Em 2023, as emissões globais atingiram um recorde de 37,4 bilhões de toneladas, e mais de 118 países dependem dos sumidouros terrestres para cumprir suas metas climáticas.

Especialistas estão cada vez mais preocupados com o impacto das mudanças climáticas nesses sistemas naturais. O degelo ártico, as secas prolongadas e os incêndios florestais estão reduzindo a capacidade de absorção de carbono. Em regiões como o sudeste da Ásia, a expansão agrícola transformou florestas tropicais em fontes líquidas de emissões.

Na Europa, fenômenos como surtos de besouros, secas e mortalidade de árvores estão enfraquecendo sumidouros importantes, como as florestas boreais, responsáveis por um terço do carbono armazenado em terra. Entre 1990 e 2019, essas florestas experimentaram uma queda de mais de um terço em sua capacidade de absorver carbono.

Tim Lenton, professor de mudança climática e ciência do sistema terrestre na Universidade de Exeter, questiona até que ponto podemos continuar a confiar nesses sumidouros de carbono. “Estamos vendo respostas surpreendentes na biosfera que não foram previstas pelos modelos climáticos”, afirmou.

As implicações para o futuro

A interrupção dos sumidouros naturais coloca em xeque a viabilidade das metas de emissões globais. Um enfraquecimento dos sumidouros obrigaria a humanidade a reduzir ainda mais suas emissões para atingir o tão esperado “zero líquido”. Finlândia, que tem uma das metas de neutralidade de carbono mais ambiciosas, já viu seu sumidouro terrestre desaparecer, anulando as reduções de 43% em emissões industriais nos últimos anos.

“Os modelos preveem uma diminuição dos sumidouros ao longo do tempo, mas isso pode acontecer muito mais rapidamente do que imaginávamos”, explicou Andrew Watson, chefe do grupo de ciência marinha e atmosférica da Universidade de Exeter.

Enquanto cientistas tentam entender melhor esses sistemas, muitos destacam a necessidade urgente de proteger os sumidouros naturais que restam. Preservar as florestas e os oceanos, interromper o desmatamento e cortar as emissões de combustíveis fósseis são algumas das ações recomendadas. “Não podemos simplesmente confiar nas florestas para resolver o problema. Precisamos enfrentar as emissões de combustíveis fósseis em todos os setores”, enfatizou Pierre Friedlingstein, da Universidade de Exeter.

Conclusão: O desafio da preservação

A crise dos sumidouros naturais de carbono mostra que não podemos depender exclusivamente da natureza para lidar com o excesso de emissões humanas. À medida que o planeta aquece, manter esses ecossistemas intactos e saudáveis será fundamental para evitar uma aceleração catastrófica do aquecimento global. No entanto, sem ações drásticas para reduzir as emissões, as consequências podem ser irreversíveis.


Artigo traduzido de [The Guardian] com auxílio de inteligência artificial, adaptado e revisado pela nossa equipe de redação.

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