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O que há de especial no lado oculto da Lua

Módulo de pouso e ascensão da missão chinesa Chang’e 6

Legenda da foto: O módulo de pouso e ascensão da missão chinesa Chang’e 6 coletou amostras de solo na face oculta da Lua.

A sonda chinesa Chang’e-6 e sua missão

Em 7 de junho de 2024, a sonda chinesa Chang’e-6 está retornando à Terra com uma carga muito valiosa: as primeiras amostras de solo já coletadas no lado oculto da Lua. O robô coletou cerca de 2 kg de material após pousar na Bacia Aitken do Polo Sul (APS), uma das maiores crateras conhecidas no Sistema Solar. A Chang’e-6 passou dois dias recolhendo rochas e poeira, usando um braço mecânico e uma furadeira, em um feito comemorado pela comunidade científica internacional.

A expectativa é de que a cápsula com as amostras aterrisse nos desertos da Mongólia Interior, região autônoma da China, por volta de 25 de junho.

A Conquista Chinesa na Exploração Lunar

A China é o único país que já pousou no lado oculto da Lua. O país realizou o feito pela primeira vez em 2019, na quarta das seis missões de exploração lunar Chang’e (nome da deusa lunar na mitologia chinesa). A Agência Espacial Nacional da China (CNSA, na sigla em inglês) descreveu sua mais recente conquista como uma “façanha sem precedentes na exploração lunar humana”. A CNSA acrescentou que a missão Chang’e 6 envolveu “muitas inovações de engenharia, altos riscos e grandes dificuldades”, especialmente as altas temperaturas no lado oculto da Lua.

Diferença entre o lado visível e oculto da Lua

Esta era a visão do módulo Change’ 6 um pouco antes de pousar na face oculta

A Lua tem dois lados ou hemisférios, um visível e outro oculto, também chamado de “lado escuro”, embora também seja iluminado pela luz do Sol. A razão pela qual a Lua nos mostra apenas uma face se deve a um fenômeno conhecido como “rotação sincronizada”. Enviar uma nave espacial e pousar lá é muito arriscado, porque é muito difícil se comunicar com ela uma vez que atravessa para o lado oculto.

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Ao chegar à face remota da Lua, o módulo fica sem sinal. Para isso, a CNSA utilizou o satélite Queqiao-2, que já havia colocado na órbita lunar. Da mesma forma, o módulo de aterrissagem teve que colocar em operação um sistema visual autônomo para detectar obstáculos, equipado com uma câmera que selecionava automaticamente áreas seguras de pouso.

Geologia diferente

O lado oculto da Lua tem uma crosta mais antiga e espessa, com muito mais crateras. Há também poucos “mares” ou planícies escuras de basalto criadas pelo fluxo de lava, como os que são evidentes no lado visível. Acredita-se que um gigantesco impacto na Bacia Aitken pode ter atravessado a crosta até chegar ao manto lunar. E a expectativa é de que a cápsula Chang’e 6 traga amostras desta camada para a Terra.

Importância das amostras

“Todo mundo está muito entusiasmado em poder dar uma olhada nestas rochas que ninguém viu antes”, disse à BBC John Pernet-Fisher, especialista em geologia lunar da Universidade de Manchester, no Reino Unido. Ele analisou outras rochas lunares trazidas pelas missões Apollo, dos EUA, e pelas espaçonaves chinesas. A maioria delas é de origem vulcânica, semelhantes às que poderíamos encontrar na Islândia ou no Havaí. Mas o material do outro lado da Lua pode ter uma química diferente.

O Polo Sul da Lua e Missões Futuras

O polo sul da Lua é a próxima fronteira das missões ao nosso satélite natural. Vários países estão interessados ​​em entender esta região, porque há grande chance de que tenha gelo. O acesso à água aumentaria significativamente as chances de estabelecer com sucesso uma base humana na Lua.

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Além do entusiasmo pela pesquisa científica, as missões Chang’e-6 também revelam as ambições da China que vão além da Lua. Este programa é um exercício útil para outro possível objetivo: coletar amostras de Marte. A China anunciou no ano passado que planeja lançar sua primeira missão lunar tripulada até 2030.

Conclusão

A ideia do país asiático é levar à superfície lunar dois astronautas que, horas depois, vão se juntar a um colega em órbita. Isto é muito semelhante ao que foi feito com os módulos de pouso/ascensão e orbitais das missões Chang’e-6 e Apollo, da Nasa. A China não está considerando uma mera presença de curto prazo, fincando bandeiras e deixando pegadas na Lua. Sua ambição é mais parecida com a do programa Artemis do que com a do Apollo, da Nasa: o país quer lançar duas missões separadas até a bacia APS em 2026 e 2028, que incluem experimentos com solo lunar para imprimir tijolos em 3D que sirvam ​​para construir uma base na Lua.

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