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Paciente Morre Durante Exame e Médicos Registram Atividade Cerebral no Momento da Morte

Em um raro “acidente” científico, médicos registraram pela primeira vez a atividade elétrica cerebral durante a morte de um paciente, sugerindo que a vida pode passar diante dos nossos olhos nesse momento.

Em 2016, um paciente de 87 anos passou por uma cirurgia para tratar um hematoma subdural, um acúmulo de sangue entre o crânio e o cérebro. Dias após a cirurgia, ele começou a ter convulsões, levando a equipe médica a conectá-lo a um eletroencefalograma (EEG) para monitorar sua atividade cerebral.

O paciente sofreu uma parada cardíaca e faleceu enquanto ainda estava conectado aos eletrodos, um evento que forneceu dados inéditos sobre as mudanças elétricas no cérebro durante a morte. Ele havia assinado um documento indicando que não queria ser ressuscitado em caso de parada cardíaca. Os resultados deste incidente foram publicados em 2022 na revista Frontiers in Aging Neuroscience.

Nos 30 segundos antes e depois da parada cardíaca, os exames registraram um aumento na atividade em partes do cérebro relacionadas à recuperação de memórias, meditação e sonho. Especificamente, houve um aumento das ondas gama, que são associadas à recuperação de memórias. “Por meio da geração de oscilações envolvidas na recuperação da memória, o cérebro pode estar reproduzindo uma última lembrança de eventos importantes da vida pouco antes de morrermos, semelhante aos relatados em experiências de quase-morte”, especulou o Dr. Ajmal Zemmar, neurocirurgião responsável pelo estudo.

A equipe internacional de cientistas, composta por profissionais da China, Estônia, Canadá e EUA, destacou que o estudo foi realizado em apenas uma pessoa, um idoso epiléptico com um grave sangramento cerebral, o que limita as conclusões. Contudo, os achados são compatíveis com estudos anteriores em ratos, que também mostraram padrões de atividade cerebral semelhantes antes e após a morte.

Em entrevista à CBC, Zemmar afirmou que, apesar de não poder confirmar se esses padrões de ondas cerebrais estão diretamente relacionados a memórias, ele espera que a descoberta traga algum conforto para aqueles que perderam entes queridos. “Espero que isso lhes dê a calma de saber que talvez a pessoa não esteja sofrendo de dor, mas que esteja revivendo algumas das melhores lembranças e momentos da vida antes de partir”, disse ele.

Texto adaptado de informações de Isabela Lobato.

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