Autoridades confirmaram nesta semana a morte de Suchir Balaji, 26, um ex-pesquisador da OpenAI conhecido por denunciar práticas controversas da empresa, que enfrenta diversas ações judiciais relacionadas ao uso de dados protegidos por direitos autorais.
Balaji foi encontrado morto em seu apartamento na Buchanan Street, no bairro Lower Haight, em 26 de novembro. Segundo a polícia de São Francisco, uma chamada foi recebida às 13h solicitando uma verificação de bem-estar no local. O Instituto Médico Legal determinou que a causa da morte foi suicídio, e as autoridades informaram que “não há indícios de crime”.
O pesquisador havia se tornado uma figura-chave em processos judiciais contra a OpenAI, que utilizam informações e documentos que ele forneceu para questionar a legalidade do modelo de negócios da empresa.
Denúncias contra a OpenAI
Balaji ganhou notoriedade três meses antes de sua morte, ao acusar publicamente a OpenAI de violar leis de direitos autorais dos Estados Unidos no desenvolvimento do ChatGPT. A ferramenta de inteligência artificial, lançada no final de 2022, tornou-se um fenômeno global, mas também gerou uma enxurrada de processos movidos por autores, programadores e jornalistas, que afirmam que seus trabalhos protegidos foram utilizados sem permissão para treinar o programa.
Em entrevista ao The New York Times, publicada em 23 de outubro, Balaji destacou os danos causados às empresas e aos criadores que tiveram seus dados explorados. “Se você acredita no que eu acredito, precisa deixar a empresa”, disse. Ele criticou o modelo como insustentável para o ecossistema da internet e publicou análises em seu site pessoal defendendo que o uso de dados pelo ChatGPT não seria protegido pelas leis de “fair use” dos EUA.
Decepção com a IA
Nascido em Cupertino, Balaji estudou ciência da computação na Universidade da Califórnia em Berkeley, onde se tornou defensor do potencial da inteligência artificial para resolver grandes problemas, como curar doenças e desacelerar o envelhecimento. No entanto, sua perspectiva mudou em 2022, dois anos após ingressar na OpenAI como pesquisador. Ele ficou especialmente preocupado com as práticas de coleta massiva de dados na internet para treinar o GPT-4, modelo de IA da empresa.
Impacto no setor de IA
O lançamento do ChatGPT impulsionou a indústria de IA generativa, com empresas usando a tecnologia para criar textos, imagens e códigos de computador. Contudo, essa revolução gerou críticas de setores jornalísticos, que acusam empresas como OpenAI e Microsoft de plagiar conteúdo protegido, prejudicando o modelo de negócios da mídia local.
Em resposta às acusações, a OpenAI afirmou que suas práticas seguem as leis de “fair use” e que ferramentas como o ChatGPT têm potencial para melhorar a interação entre leitores e o conteúdo jornalístico.
Ações judiciais e implicações futuras
Antes de sua morte, Balaji havia sido citado em documentos judiciais como uma das principais testemunhas no processo movido pelo The New York Times contra a OpenAI. Ele detinha documentos relevantes que poderiam influenciar o caso.
Sua morte levanta preocupações sobre as pressões enfrentadas por profissionais que expõem práticas controversas no setor de tecnologia.
Texto traduzido e adaptado de [Mercury News] e revisado pela nossa redação. Publicado originalmente por Jakob Rodgers em 13 de dezembro de 2024.