Em maio do ano anterior, a companhia petrolífera estatal anunciou uma alteração na sua política de preços. A partir de então, ela deixou de adotar a política de paridade internacional (PPI), que ajustava os preços dos combustíveis conforme as flutuações do dólar e os preços internacionais do petróleo.
Sob pressão do setor de refino, a Petrobras divulgou nesta segunda-feira um reajuste nos preços da gasolina e do gás de cozinha para as distribuidoras, que será efetivo a partir de terça-feira. O preço do litro da gasolina aumentará R$ 0,20, atingindo R$ 3,01, enquanto o preço do gás de cozinha no botijão de 13kg subirá de R$ 3,10 para R$ 34,70. O último ajuste no preço da gasolina pela Petrobras foi em outubro de 2023, quando houve uma diminuição de R$ 0,12, resultando em R$ 2,81 por litro.
Em maio do ano anterior, a companhia petrolífera alterou sua política de preços. Desde então, não adota mais a política de paridade internacional (PPI), que ajustava os preços dos combustíveis conforme as flutuações do dólar e das cotações internacionais do petróleo.
Pouco antes do anúncio da petroleira com o reajuste, as refinarias de petróleo privadas ameaçavam ir à Justiça contra a Petrobras em face da defasagem nos preços da gasolina e do diesel. De acordo com o presidente da Refina Brasil, associação que reúne as refinarias privadas do país, Evaristo Pinheiro, como detém 80% de participação no mercado de combustíveis, a estatal está inviabilizando a sobrevivência dos concorrentes ao represar os preços.
— Desde o dia 10 de junho, a nossa querida Petrobras decidiu se descolar dos preços internacionais — ironizou Pinheiro, em declaração a jornalistas.
Referência
Desde então, a cotação do petróleo tipo Brent aumentou e o dólar disparou em relação ao real, elevando o custo das importações.
— Daqui a pouco, não terá mais sentido produzir combustível no Brasil — continuou Pinheiro, destacando que é incoerente o governo querer conter o déficit fiscal e ao mesmo tempo renunciar aos ganhos que teria com o reajuste de preços nas refinarias da Petrobras.
No caso da gasolina, se passaram 258 dias sem mudanças no preço, levando a defasagem a 19% em relação aos preços do Golfo do México, região usada como referência pelos importadores. No diesel, o preço está inalterado há 190 dias e a diferença é de 17%.
Câmbio
A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) calcula que a Petrobras deveria elevar a gasolina em R$ 0,67, e o diesel em R$ 0,73, para corrigir as defasagens. O Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), vê defasagem ainda maior: de 25,17% na gasolina, e de 10,62% no diesel.
— Para os acionistas, para o governo e para nós isso é péssimo. Lula ataca o Banco Central, o câmbio sobe e aumenta o custo de importação e o custo da Petrobras, que deixa de ganhar em um momento em que o governo precisa de arrecadação. É um disparate completo — resume Pinheiro.