Benjamin Netanyahu, o Primeiro-Ministro de Israel, delineou sua visão para o futuro de Gaza após o conflito. De acordo com sua proposta, Israel manteria o controle da segurança enquanto os palestinos sem vínculos com grupos anti-Israel governariam a região.
Os Estados Unidos, aliado chave de Israel, defendem que a Autoridade Palestina (AP), baseada na Cisjordânia, assuma o controle de Gaza após o conflito. No entanto, o documento apresentado por Netanyahu aos ministros não menciona a AP, a qual ele já havia excluído anteriormente de qualquer papel no pós-guerra.
O plano de Netanyahu prevê uma Gaza “desmilitarizada”, com Israel responsável por eliminar qualquer capacidade militar além da necessária para manter a ordem pública. O plano também propõe um “fechamento ao sul” na fronteira com o Egito para prevenir o contrabando.
Programas de “desradicalização” seriam implementados em todas as instituições religiosas, educacionais e sociais. O documento sugere a participação de países árabes com experiência nesses programas, embora não especifique quais.
Netanyahu tem enfrentado pressão, tanto interna quanto internacional, para apresentar suas propostas para Gaza desde o início da operação militar na região. Ele está determinado a restaurar sua reputação como um líder capaz de manter Israel seguro e deseja apelar para os radicais de direita em seu governo de coalizão.
Um porta-voz de Mahmoud Abbas, presidente da AP, disse que o plano de Netanyahu está destinado ao fracasso. “Se o mundo está genuinamente interessado em ter segurança e estabilidade na região, deve acabar com a ocupação de terras palestinas por Israel e reconhecer um Estado palestino independente”, afirmou Nabil Abu Rudeineh.
Enquanto isso, negociadores que buscam mediar um cessar-fogo temporário e a libertação de reféns israelenses devem se reunir em Paris. Os EUA querem um acordo antes do início do mês sagrado muçulmano do Ramadã, em pouco mais de duas semanas.
À medida que a situação humanitária em Gaza se deteriora, há também pressão internacional para que a guerra termine. O Ministério da Saúde administrado pelo Hamas informa que mais de 29.500 pessoas, a maioria mulheres e crianças, foram mortas desde o início da guerra, em outubro.
A ofensiva militar de Israel foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas, em 7 de outubro, no qual homens armados mataram cerca de 1.200 pessoas – principalmente civis – e levaram 253 para Gaza como reféns.
Na noite de quinta-feira (23/2), o chefe do órgão da ONU responsável pelos refugiados palestinos (Unrwa) alertou que Gaza enfrenta um “desastre monumental com graves implicações para a paz regional, a segurança e os direitos humanos”.