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População em situação de rua cresce 400% na Paraíba em sete anos

População em situação de rua cresce 400% em sete anos — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco

Aumento expressivo reflete impactos sociais e econômicos; projetos sociais e acolhimento emergencial ajudam a mitigar o problema.

Nos últimos sete anos, a Paraíba registrou um aumento de 393% na população em situação de rua, segundo levantamento do Núcleo de Dados da Rede Paraíba. Em João Pessoa, a alta foi ainda mais alarmante: 70% apenas entre 2022 e 2023. O crescimento reflete uma crise social profunda, com desemprego, falta de moradia e rompimento de vínculos familiares como principais fatores.

Atualmente, mais de 800 pessoas vivem nas ruas da Paraíba, sendo 400 apenas na capital. Luciano Araújo, uma das muitas faces dessa realidade, relata o desafio diário de sobreviver nas ruas: “A rua é malandra. O cara não consegue dormir. Eu passo a noite mais acordado do que dormindo. Sempre tive um teto, fui casado, tenho três filhos maravilhosos”, desabafa.

Acolhimento e apoio emergencial

Em João Pessoa, o Centro POP, gerido pela administração municipal, oferece suporte básico para quem vive nas ruas. Amparo dos Santos, coordenadora do espaço, explica que o local atende cerca de 150 pessoas diariamente, fornecendo alimentação, banho e encaminhamento para serviços de saúde e documentação. “Servimos 50 cafés da manhã e 120 almoços por dia, além de sessões de cinema com lanche à tarde”, detalha.

À noite, o apoio vem de iniciativas voluntárias, como o Projeto Multiplicação, que há quase uma década leva comida e acolhimento às ruas da capital. Karol Viana, assistente social e voluntária, destaca a importância do contato humano: “Não é só entregar alimento, é conhecer a realidade deles, ouvir suas histórias. Eles são invisíveis para a sociedade, mas para nós são irmãos que precisam de amor”.

Fatores e desafios

Segundo Liana Espínola, promotora de Justiça e coordenadora do Núcleo de Gênero, Diversidade e Igualdade Racial do Ministério Público da Paraíba, a principal causa da situação de rua não é o vício, mas o rompimento de laços familiares. “Os números aumentaram muito após a pandemia, resultado de fatores econômicos e sociais agravados nesse período”, afirma.

Embora João Pessoa tenha os menores índices da região, a situação preocupa. Cidades como Salvador e Fortaleza enfrentam percentuais ainda maiores, reforçando um problema nacional agravado pela falta de dados atualizados e políticas públicas efetivas.

“Essas pessoas são invisíveis. Deitam onde a gente cospe. Passamos por elas como se não fossem ninguém”, lamenta Amparo dos Santos, reforçando a necessidade de ações mais efetivas e inclusivas para essa parcela vulnerável da população.

Texto adaptado de g1 Paraíba

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