Ricardo Nunes chama empresa de “irresponsável” e reforça proibição do serviço na cidade
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), subiu o tom ao criticar a 99 por iniciar a oferta de transporte de passageiros por motocicletas na capital paulista. Durante coletiva nesta quarta-feira (13), Nunes classificou a iniciativa como “carnificina” devido ao risco de aumento de acidentes e mortes no trânsito. Ele também anunciou que buscará medidas legais para suspender o serviço.
Operação sem autorização
De acordo com a 99, o serviço começou a operar na manhã desta quarta-feira em áreas fora do centro expandido da cidade, com a primeira corrida realizada por volta das 9h. No entanto, o prefeito afirmou que a operação é irregular e descumpre um decreto municipal de 2023 que proíbe essa modalidade de transporte.
“Nós temos 1,3 milhão de motos na cidade e um aumento significativo no número de óbitos no trânsito, puxado por acidentes envolvendo motociclistas. Não é possível que uma empresa venha para São Paulo e aja sem autorização, buscando apenas lucro. Não vamos permitir”, afirmou Nunes.
A prefeitura também determinou a fiscalização rigorosa de todas as motos cadastradas no serviço e prometeu intensificar as vistorias.
Crescimento de mortes no trânsito
Dados apresentados pela administração municipal apontam que, entre janeiro e julho de 2024, 329 motociclistas morreram em acidentes na capital, um aumento de 37% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados 240 óbitos.
Para Nunes, o serviço representa um risco grave à segurança pública:
“Essas empresas já ganham muito dinheiro. Não vamos permitir que levem as vidas das pessoas. Queremos proteger os cidadãos de uma verdadeira carnificina.”
Resposta da 99
Em nota, a 99 classificou como inconstitucional o decreto utilizado pela prefeitura para proibir o serviço. A empresa argumentou que o transporte individual privado por aplicativos, seja com carros ou motocicletas, é permitido pela Política Nacional de Mobilidade Urbana e regulamentado pela legislação federal.
Segundo a 99, já existem 20 decisões judiciais que reconhecem a legalidade do transporte por motos. A empresa também destacou medidas de segurança implantadas, como monitoramento em tempo real, cursos de direção segura e alertas de velocidade.
“Em 2024, apenas 0,0003% das corridas tiveram registros de acidentes. Além disso, todas as viagens realizadas pelo aplicativo são protegidas por seguro, e seguimos protocolos rigorosos de atendimento em caso de ocorrências”, destacou o comunicado.
Apesar das críticas do prefeito, a 99 afirmou estar comprometida em aprimorar ferramentas de segurança e continuar promovendo viagens seguras.
Próximos passos
O Comitê Municipal de Uso do Viário notificou formalmente a empresa, exigindo a suspensão imediata do serviço. Enquanto isso, a prefeitura deve ingressar com ação judicial nos próximos dias para reforçar o cumprimento do decreto e proibir a operação na capital.
Fonte: Agência Brasil
