O prefeito de Val di Zoldo, na Itália, Camillo De Pellegrin, está sendo denunciado por ultraje após hastear uma bandeira do Brasil na fachada da prefeitura como forma de protesto contra o volume de pedidos de cidadania italiana por brasileiros. A queixa foi apresentada pelo advogado ítalo-brasileiro Luiz Scarpelli, que considerou o ato desrespeitoso aos símbolos nacionais.
De acordo com Scarpelli, a denúncia foi enviada às autoridades brasileiras, incluindo a Presidência da República e o Ministério das Relações Exteriores. O advogado também não descarta levar o caso ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Ele argumenta que tanto os brasileiros quanto os italianos consideram suas bandeiras símbolos sagrados e enfatizou que denunciaria igualmente qualquer ato desrespeitoso com a bandeira italiana.
O prefeito De Pellegrin justificou a ação como um protesto contra a “sobrecarga” gerada pelos pedidos de cidadania de descendentes brasileiros, que, segundo ele, estariam congestionando o cartório civil local. Apesar das críticas, o prefeito não foi formalmente notificado e afirmou que também está pronto para denunciar as ofensas e ameaças que diz receber de brasileiros nas redes sociais.
Sobrecarga nos municípios italianos
A região de Vêneto tem enfrentado um grande fluxo de solicitações de cidadania italiana, sobrecarregando os cartórios de várias cidades. Em algumas localidades, como Valdastico e Tribano, os procedimentos chegam a centenas por ano, levando prefeituras a contratar mais funcionários e ampliar a carga horária.
Embora o processo seja custoso para os municípios, advogados apontam que os valores cobrados variam significativamente, chegando a até 2 mil euros por procedimento em algumas cidades. No entanto, muitos pedidos são considerados complexos, envolvendo buscas por documentos de até cem anos atrás, muitas vezes com informações imprecisas fornecidas pelos solicitantes.
O caso evidencia tensões crescentes entre autoridades italianas e descendentes brasileiros, refletindo a dificuldade em equilibrar os direitos previstos pelo ius sanguinis com as demandas práticas e estruturais dos municípios italianos.