Nova diretriz europeia redefine níveis de pressão arterial e sugere mudanças no tratamento de pacientes, incluindo acompanhamento mais próximo para quem tem pressão 12 por 8.
A nova diretriz europeia de manejo da hipertensão trouxe mudanças na classificação da pressão arterial considerada normal, que impactam também o tratamento médico. Antes classificada como 12 por 8 (120 por 80 mmHg), a pressão normal agora é 12 por 7 (120 por 70 mmHg). Estudos indicam um maior risco de complicações cardiovasculares a partir de 115 por 70, e, embora a diretriz seja voltada para médicos europeus, muitos profissionais no Brasil já começam a adotar essas novas recomendações.
Uma das principais mudanças é a criação de uma nova categoria chamada “pressão arterial elevada”, que abrange a faixa entre 12 por 7 e 13.9 por 8.9. Esse grupo, que inclui a tradicional pressão de 12 por 8, exige um acompanhamento médico mais próximo. A classificação revisada agora inclui três níveis:
- Pressão arterial não elevada: abaixo de 12 por 7
- Pressão arterial elevada: entre 12 por 7 e 13.9 por 8.9
- Hipertensão arterial: igual ou superior a 14 por 9
Essas mudanças se aplicam a adultos a partir dos 20 anos. Para os mais jovens, a classificação leva em conta a idade, sexo e altura, como explica o cardiologista Fábio Argenta, membro do Comitê de Comunicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Além da nova categorização, a diretriz traz duas atualizações importantes no tratamento. Para pacientes com alto risco cardiovascular, como histórico de infarto ou diabetes, que se enquadram na faixa da pressão arterial elevada, a recomendação inicial é focar em mudanças no estilo de vida, como exercícios físicos regulares e uma alimentação balanceada. Se a pressão não for controlada em três meses, a orientação é iniciar o uso de medicamentos.
Outra atualização importante é o início imediato de uma terapia combinada para os pacientes diagnosticados com hipertensão. A abordagem envolve o uso de duas medicações em doses baixas, o que, segundo Argenta, potencializa os efeitos benéficos ao atuar em diferentes mecanismos fisiológicos da hipertensão.
O documento ainda ressalta a importância de medir a pressão arterial fora do ambiente hospitalar, com o uso de exames como o Mapa (monitorização ambulatorial da pressão arterial) ou a monitorização residencial (MRPA), a fim de evitar diagnósticos errôneos, como a hipertensão mascarada ou a hipertensão do avental branco, quando a pressão se eleva devido à presença de profissionais de saúde.
O objetivo dessas atualizações é acelerar o diagnóstico e o início do tratamento, reduzindo os riscos de eventos cardiovasculares e aumentando a expectativa de vida com qualidade. Argenta também mencionou que a Sociedade Brasileira de Cardiologia está elaborando suas novas diretrizes, que devem seguir os parâmetros europeus e têm previsão de publicação no primeiro semestre de 2025.
Texto adaptado de [Estadão] pela nossa redação.