BREconomia

Processo de Recuperação Judicial da Coteminas Será Julgado em Belo Horizonte, Decide TJMG

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou que o processo de recuperação judicial do Grupo Coteminas tramitará em Belo Horizonte, contrariando solicitação dos credores para que fosse em São Paulo. A decisão foi baseada na concentração das atividades e credores do grupo em Minas Gerais.


Nesta sexta-feira (14), o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) determinou que o processo de recuperação judicial (RJ) do Grupo Coteminas tramitará na 2ª Vara Empresarial de Belo Horizonte. A decisão vem após a solicitação de credores para que o caso fosse analisado em São Paulo, onde um processo de falência já extinto contra o grupo havia tramitado.

O pedido de RJ feito pela Coteminas informou uma dívida de R$ 2 bilhões. O juiz Adilon Cláver de Resende justificou a análise do caso em Belo Horizonte devido à maior concentração do faturamento do grupo em Minas Gerais, onde a maioria dos credores, considerados hipossuficientes como trabalhadores e pequenas empresas, também está localizada.

Além disso, o magistrado destacou que a maior parte dos colaboradores do grupo atua em operações em território mineiro. Nove das dez empresas que compõem o Grupo Coteminas têm suas sedes estatutárias no estado, sendo quatro em Belo Horizonte, quatro em Montes Claros e uma em São Paulo.

A reportagem tentou contato com o Grupo Coteminas, mas não obteve resposta até o momento da publicação. Uma fonte envolvida no processo informou que a lista de credores está sendo ajustada e que um perito foi nomeado para avaliar as condições de operação das empresas do grupo. Este documento, contendo informações sobre o número de funcionários, faturamento, rotina e maquinário disponível, será apresentado ao magistrado para avaliação.

Somente após essa etapa a Justiça decidirá sobre o deferimento ou não do processamento da recuperação judicial. O processo está sendo conduzido pelos escritórios de advocacia TWK e Bernardo Bicalho Advogados, especialistas no assunto.

Histórico do Caso

O Grupo Coteminas, fundado em Montes Claros em 1967 e atuante no setor têxtil, entrou com pedido de recuperação judicial em maio deste ano. Sob a presidência de Josué Gomes da Silva, que também está à frente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a companhia enfrenta várias ações judiciais, protestos e já foi alvo de audiências públicas em Minas Gerais, Paraíba e Santa Catarina, onde possui fábricas.

Josué Gomes da Silva chegou a pedir licença do comando da Fiesp para focar nas questões do grupo. À época do pedido de RJ, havia relatos de atrasos em salários e outras obrigações trabalhistas. Em 2023, mesmo enfrentando dificuldades financeiras, a Coteminas fechou um acordo com a Shein para produzir peças no Brasil.

A empresa alegou que o pedido de RJ visa “garantir as atividades empresariais e os ativos das companhias e suas controladas”, explicando que desde o fim da pandemia, os negócios foram negativamente impactados por uma combinação de fatores adversos, resultando em dificuldades financeiras.

Texto adaptado de O Tempo.

Compartilhar: