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Quase 1/3 das postagens no X sobre o Rio Grande do Sul tentam descredibilizar o poder público

Estudo aponta que quase 1/3 das postagens no X sobre o Rio Grande do Sul tentam descredibilizar o poder público
Instituições que estão na linha de frente de ajuda às vítimas das enchentes no estado alertam para o impacto das fake news em seus trabalhos.

De acordo com uma análise conduzida pelo professor de gestão de políticas públicas da Universidade de São Paulo (USP), Pablo Ortellado, cerca de um terço (31%) das publicações no X, antigo Twitter, relacionadas à tragédia no Rio Grande do Sul, entre as 10h e 14h desta sexta-feira (10), buscam desacreditar as autoridades governamentais.

O estudo revela que as mensagens difundem a ideia de que o governo e as entidades governamentais não estão apenas negligenciando o socorro à população, mas também estão criando obstáculos, como exigir licenças para quem deseja ajudar com embarcações e veículos aquáticos, além de solicitar notas fiscais para os veículos que transportam doações.

Embora o levantamento analise apenas se as postagens aderem ou não ao discurso de descredibilização do governo, sem avaliar sua veracidade, muitos dos temas abordados já foram desmentidos por agências de checagem e pelas próprias instituições envolvidas nos esforços de resgate no Rio Grande do Sul.

“É um volume muito grande, representando quase um terço de todas as publicações sobre o tema. Isso sugere que a situação no Twitter/X não difere de outras plataformas de mídia social ou aplicativos de mensagens”, afirmou Ortellado à GloboNews.

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Outro relatório, elaborado pela empresa Palver, destaca que a mentira sobre a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul impedir a entrada de doações no estado devido à falta de notas fiscais foi um dos conteúdos mais compartilhados em grupos de WhatsApp e Telegram relacionados à tragédia gaúcha.

Segundo a Palver, apesar do comunicado da Defesa Civil que desmentiu a informação, o tema alcançou mais de 39 mil visualizações pelos usuários.

Além disso, há conteúdos que incluem ofensas homofóbicas dirigidas ao governador Eduardo Leite (PSDB). Um vídeo frequente critica sua postura e vestimenta ao solicitar doações para as vítimas da tragédia.

A quantidade de menções ao ex-presidente Lula também supera, em alguns dias, as postagens com informações sobre Pix e doações para as vítimas das enchentes.

Para enfrentar essa disseminação de desinformação, o governo federal decidiu criar uma sala de situação, integrando a Advocacia-Geral da União (AGU), a Polícia Federal e a Secretaria Nacional do Consumidor. A Polícia Federal já abriu um inquérito para investigar a divulgação de conteúdos falsos sobre as enchentes no Rio Grande do Sul, conforme anunciado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa.

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