Albert Einstein aposta na computação quântica para revolucionar a medicina

O Hospital Israelita Albert Einstein, referência em saúde na América Latina, lançou um projeto pioneiro para utilizar computação quântica no desenvolvimento de novos medicamentos, melhoria de diagnósticos e aprofundamento na genômica de doenças. Anunciada durante a FAPESP Week Germany, em abril de 2025, a iniciativa reforça o compromisso da instituição com a inovação, explorando a interseção entre física, matemática e ciência da computação para transformar a medicina.

Computação quântica na saúde

O grupo de pesquisa, sediado no centro de inovação do Einstein em São Paulo, é liderado por especialistas como Felipe Fanchini, professor da Unesp-Bauru e fundador da startup QuaTI. “Sabemos que a tecnologia quântica ainda está em fase inicial, mas seu impacto na sociedade pode ser enorme”, destacou Fanchini. A computação quântica, que utiliza qubits para processar informações em superposições, permite resolver problemas complexos, como simulações moleculares para novos fármacos, de forma mais rápida que computadores tradicionais.

Além da medicina, o projeto explora aplicações como a previsão de eventos climáticos extremos, como temporais, para emitir alertas à população. “A ideia é mitigar impactos de desastres usando algoritmos quânticos”, explicou Fanchini. A QuaTI, em parceria com o Einstein, também desenvolve soluções de criptografia e sensores de alta precisão, ampliando o alcance da tecnologia.

Avanços na genômica e diagnósticos

O Einstein já é reconhecido por iniciativas como o projeto DMeter, que cruza dados clínicos e sociais para personalizar o tratamento de diabetes tipo 2, e o Projeto Leishmaniose, que usa IA para diagnosticar a doença por imagens de lesões. A computação quântica potencializa essas abordagens, permitindo análises genômicas mais precisas e diagnósticos precoces. Por exemplo, algoritmos quânticos podem simular interações moleculares em tempo recorde, acelerando a descoberta de terapias para câncer e doenças raras.

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Colaboração internacional

A iniciativa do Einstein alinha o Brasil ao cenário global de tecnologias quânticas. Durante a FAPESP Week Germany, Jeins Eisert, do Centro Dahlem para Sistemas Quânticos Complexos, destacou a relevância de parcerias com países latino-americanos. “O Brasil é um polo ativo em tecnologias quânticas, com grande potencial para colaborações”, afirmou. A Alemanha, que lançou seu primeiro computador quântico híbrido em 2024, serve como referência, com o Vale Quântico de Munique impulsionando inovações.

Desafios e perspectivas

Apesar do potencial, a computação quântica enfrenta limitações, como computadores sujeitos a ruídos e alto custo de desenvolvimento. Fanchini explica que algoritmos híbridos, combinando computadores clássicos e quânticos, são a solução atual para contornar essas barreiras. O Einstein, com sua tradição de pioneirismo — como a introdução da ressonância magnética na América Latina em 1986 —, está bem posicionado para liderar essa revolução.

O projeto também fortalece a autossuficiência tecnológica do Brasil, reduzindo a dependência de gigantes como EUA e China. “Estamos construindo expertise acadêmica e prática para transformar a saúde”, disse Sidney Klajner, presidente do Einstein. Com investimentos crescentes e parcerias como a com a startup QuaTI, o hospital se consolida como um hub de inovação médica no país.

Com informações de Olhar Digital e Agência FAPESP

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