A descoberta de uma das maiores reservas de lítio no planeta está provocando uma nova corrida global, desta vez no Triângulo do Lítio, na Argentina. Este desenvolvimento ameaça a predominância da China na exploração de minerais críticos.
Revolução na Mineração Argentina
Capaz de produzir 75 mil toneladas de lítio anualmente, a nova reserva está situada no deserto da Argentina, um epicentro emergente para a produção de baterias para carros elétricos. A partir de julho, a produção será iniciada na colossal reserva de lítio conhecida como ‘Centenario Ratones’, localizada na província de Jujuy. Este salar desértico está prestes a revolucionar a mineração global ao extrair lítio em quantidades industriais inéditas.
Um Tesouro na Puna Argentina
O potencial da reserva é imenso, com projeções de que ela possa suprir até 15% da demanda europeia por lítio, especialmente no mercado de baterias para veículos elétricos. A concessão de operação está atualmente nas mãos da empresa francesa Aramet, que desenvolveu um método inovador para extrair o mineral em poucos dias.
Desde 2020, uma planta piloto tem operado com uma eficiência impressionante, alcançando um rendimento de extração direta de 90% de carbonato de lítio. A produção em escala industrial, que começará em julho, tem reservas estimadas para durar 40 anos, com uma produção anual de 24 mil toneladas de carbonato de lítio.
Parceria Estratégica com a China
Em 2021, a Aramet formou uma parceria com a siderúrgica chinesa Tsingsham para lançar a planta de produção. As primeiras unidades começaram a operar em novembro de 2023. A segunda fase do projeto prevê uma capacidade total de produção de 75 mil toneladas anuais, divididas em duas etapas, com um investimento total de 1 bilhão de dólares.
A produção prevista para julho visa exportar antes do final de 2024, com uma receita inicial de 74 milhões de dólares por ano, aumentando para 300 milhões em 2026. Além de atender 15% da demanda europeia, o projeto planeja incorporar energias renováveis, como solar, em sua infraestrutura.
Impacto Econômico e Desafios Ambientais
Conhecido como o “ouro branco”, o lítio é essencial para a fabricação de celulares, computadores e veículos elétricos. A extração deste metal deve ter um impacto significativo na economia local e nacional, gerando mais de 1.500 empregos, com quase 80% dos trabalhadores sendo da região de Salta.
No entanto, o aumento da exploração de lítio traz desafios ambientais, incluindo a gestão de resíduos e o uso sustentável dos recursos. A Argentina, apesar de possuir 20% das reservas globais de lítio, enfrenta dificuldades devido à falta de infraestrutura adequada no noroeste do país e às políticas de austeridade do governo.
Disputa Global pelo Controle do Lítio
A competição entre a China e o Ocidente pelo controle das reservas de lítio é intensa, especialmente no Triângulo do Lítio dos Andes, que concentra mais de 60% das reservas mundiais. Empresas chinesas, como a Ganfeng Lithium, investiram massivamente na Argentina, possuindo hoje cinco operações em diferentes estágios de desenvolvimento.
Este contexto desenha um cenário de tensão e competição global, com a Argentina emergindo como um campo de batalha crucial na nova corrida pelo lítio, um mineral estratégico para a tecnologia moderna.
Texto adaptado de AdoroCinema