Soldados israelenses na Cisjordânia ocupada estão compartilhando imagens de palestinos sob custódia, apesar das promessas das Forças de Defesa de Israel (FDI) de combater essa prática. A BBC verificou 45 fotos e vídeos mostrando detidos com bandeiras israelenses e em posições de humilhação, o que, segundo especialistas jurídicos, pode ser considerado crime de guerra.
As FDI afirmam que soldados envolvidos foram disciplinados ou suspensos por “comportamento inaceitável”, mas não comentaram casos específicos identificados pela BBC. Especialistas em direitos humanos destacam que expor detidos a humilhações desnecessárias ou à curiosidade pública viola o direito internacional.
Em fevereiro, a BBC já havia denunciado má conduta de soldados das FDI nas redes sociais durante a guerra em Gaza, que resultou em mais de 34 mil mortos na ofensiva israelense após ataques do Hamas. Ex-soldados e organizações como Breaking The Silence criticam a cultura militar israelense que desumaniza palestinos, incentivada pela retórica de extrema direita no país.
A análise da BBC concluiu que os 45 vídeos e fotos foram publicados por 11 soldados da Brigada Kfir, que opera na Cisjordânia. Esses soldados não esconderam suas identidades nas redes sociais, onde publicaram imagens de patrulhas e detenções de palestinos, muitas vezes em condições humilhantes.
As FDI responderam que investigam comportamentos inadequados e instruem os soldados a evitar a publicação de imagens operacionais. Contudo, a prática parece continuar, refletindo uma visão desumanizadora dos palestinos na sociedade israelense, conforme ressaltado por ex-comandantes militares e especialistas em direitos humanos.
Essas ações levantam sérias questões sobre a conformidade de Israel com o direito internacional e o tratamento dos palestinos nos territórios ocupados.