O Surgeon General dos Estados Unidos, Dr. Vivek Murthy, enfatizou a necessidade de uma advertência oficial para redes sociais, descrevendo-a como resposta ao “desafio definidor da saúde pública de nosso tempo”, em entrevista à ABC News.
O Surgeon General nos Estados Unidos é o principal porta-voz do governo sobre questões de saúde pública. É uma posição nomeada que serve como chefe operacional do U.S. Public Health Service Commissioned Corps (Corpo Comissionado de Serviços de Saúde Pública) e é responsável por informar o público sobre saúde e segurança. No Brasil, o equivalente mais próximo seria o Ministro da Saúde, que lidera o Ministério da Saúde e é responsável pelas políticas nacionais de saúde pública.
“Estamos enfrentando uma crise de saúde mental entre os jovens, que considero o principal desafio de saúde pública atualmente. Acredito firmemente nisso. E as redes sociais emergiram como um fator significativo nessa crise, tornando urgente torná-las mais seguras para nossos filhos – alertando crianças e pais sobre os danos associados ao uso das redes sociais”, afirmou Murthy.
Ele destacou que a implementação de uma advertência universal nas plataformas de redes sociais, alertando para os riscos à saúde mental dos adolescentes, exigiria ação legislativa do Congresso. Murthy também mencionou a necessidade de testes para determinar a melhor forma de mensagem e frequência dos avisos, com o objetivo de “promover mudanças de comportamento”.
“Ao conversar com especialistas e analisar pesquisas, concluímos que as redes sociais não foram comprovadamente seguras para crianças e há evidências crescentes dos danos associados ao seu uso”, explicou Murthy.
Ele destacou que 95% dos adolescentes estão nas redes sociais, enfatizando que aqueles que passam mais de três horas diárias nelas têm o dobro do risco de sintomas de ansiedade e depressão.
Murthy comparou essa iniciativa à implementação de advertências nos maços de cigarro nos Estados Unidos na década de 1960, que contribuíram significativamente para a redução do tabagismo ao longo das décadas.
“Enquanto como sociedade estamos atrasados em tornar essas plataformas mais seguras, é urgente começarmos a agir agora. Não há nada mais importante para a saúde mental e bem-estar de nossos filhos”, ressaltou Murthy.
Como pai de duas crianças pequenas, Murthy compartilhou suas próprias práticas, incluindo a proibição do uso de redes sociais por seus filhos até o término do ensino fundamental. Ele incentivou a criação de áreas livres de celulares em momentos como jantares e interações sociais, enfatizando a importância de abordar coletivamente essas questões entre os pais.
Murthy reconheceu que a responsabilidade principal de implementar advertências e outras salvaguardas contra os riscos das redes sociais para a saúde mental está nas mãos do Congresso, especialmente em um ano eleitoral tenso.
“Como nação, somos capazes de enfrentar desafios difíceis para proteger e cuidar de nossos filhos. Devemos estar prontos para fazer tudo o que for possível para alcançar esse objetivo”, concluiu Murthy.
Enquanto isso, Murthy está comprometido em aumentar a conscientização, esperando que pais e crianças comecem a limitar o tempo de tela.
“No final das contas, tornar a plataforma mais segura é a chave. Mas até que isso aconteça, é importante garantir que pais e filhos saibam o que agora sabemos em medicina e saúde pública sobre a associação entre o uso de redes sociais e os danos à saúde mental.”
Texto adaptado de Reuters.
