Balneário Camboriú, um dos destinos turísticos mais populares do Brasil, enfrenta um surto inesperado e preocupante de sarna. O que torna este surto particularmente alarmante é a ineficácia da ivermectina, medicamento tradicionalmente eficaz no tratamento dessa condição.
A raiz do problema remonta ao uso indiscriminado e inadequado deste fármaco durante a pandemia de COVID-19, promovido por campanhas negacionistas.
Durante a pandemia de COVID-19, a ivermectina, originalmente prescrita para tratar infecções parasitárias como a sarna, foi amplamente divulgada como um tratamento eficaz contra o coronavírus. Esta recomendação veio apesar da falta de evidências científicas robustas que comprovassem sua eficácia contra a COVID-19. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi um dos principais defensores do uso da ivermectina, influenciando milhões de brasileiros a utilizarem o medicamento de forma preventiva ou terapêutica contra o vírus.
Resistência Medicamentosa: Como Ocorre
O uso inadequado de medicamentos, especialmente em larga escala, pode levar ao desenvolvimento de resistência medicamentosa. Quando um medicamento é utilizado de forma indiscriminada, mesmo em situações onde não é necessário ou eficaz, ele exerce uma pressão seletiva sobre os organismos alvo. No caso da ivermectina, o uso excessivo e desnecessário contra a COVID-19 expôs diversos parasitas à substância de forma contínua e intensa.
Esse ambiente permite que apenas os parasitas que possuem alguma forma de resistência natural à ivermectina sobrevivam e se reproduzam. Ao longo do tempo, essas populações resistentes se tornam predominantes, resultando em uma diminuição da eficácia do medicamento. Este fenômeno é similar ao que ocorre com a resistência a antibióticos em bactérias.
A ivermectina, que antes era um tratamento confiável, agora enfrenta uma eficácia reduzida. Isso coloca a população em risco, pois os tratamentos alternativos podem ser mais caros, menos acessíveis ou apresentar mais efeitos colaterais.
Além disso, a resistência medicamentosa pode levar a surtos mais difíceis de controlar e a um aumento na carga de doenças parasitárias, não só em Balneário Camboriú, mas potencialmente em outras regiões do país. A situação exige uma resposta rápida e coordenada das autoridades de saúde para identificar tratamentos alternativos e implementar estratégias para controlar a disseminação da sarna.