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Telegram promove conteúdo extremista, aponta estudo exclusivo

Crédito, Getty Images

Um estudo realizado pela organização americana Southern Poverty Law Center (SPLC) revelou que o Telegram, uma das maiores plataformas de mensagens do mundo, utiliza um algoritmo que promove conteúdos extremistas. O relatório, obtido com exclusividade pela BBC, aponta que o recurso “canais similares” frequentemente recomenda conteúdos radicais, mesmo quando o usuário busca temas banais, como celebridades ou tecnologia.

Rota para a radicalização

Pesquisadores investigaram 28 mil canais da plataforma e concluíram que o algoritmo do Telegram tende a direcionar usuários para conteúdos cada vez mais extremos. Megan Squire, pesquisadora-chefe do estudo, demonstrou como, ao pesquisar “Donald Trump” em uma conta recém-criada, as recomendações incluíram canais associados à conspiração Q-Anon. Outras buscas, como “revoltas no Reino Unido”, resultaram em memes sobre Adolf Hitler e grupos de direita radical. Este estudo demonstra que o Telegram promove conteúdo extremista por meio de seu algoritmo.

Squire alertou que o Telegram é uma “ameaça digital” significativa:

“Em uma escala de um a 10, eu diria que o Telegram é 11. Ele distribui enormes quantidades de conteúdo criminoso e extremista.”

Criminosos e redes clandestinas

O Telegram também se tornou um ambiente para atividades ilícitas. David Maimon, professor da Georgia State University, mostrou que em minutos conseguiu uma oferta de uma submetralhadora por 850 libras (cerca de R$ 6,6 mil). Segundo ele, há milhares de canais oferecendo armas, ferramentas para golpes e outros materiais ilegais. Este ambiente ilícito também é um exemplo de como o Telegram promove conteúdo extremista.

Fundador sob investigação

Pavel Durov, bilionário russo e fundador do Telegram, enfrenta acusações na França por não conter o uso da plataforma para atividades criminosas, como tráfico de drogas, compartilhamento de imagens de abuso infantil e crime organizado. Em resposta, o Telegram afirma remover milhões de conteúdos nocivos diariamente e que seus usuários “recebem apenas o conteúdo com o qual escolhem se engajar”. No entanto, críticos apontam que o Telegram promove conteúdo extremista devido à falta de controles eficazes.

Controle limitado

Elies Campo, ex-funcionário do Telegram, afirmou que Durov relutava em alocar recursos para moderação de conteúdos extremistas.

“Estava claro que ele não queria dedicar mais recursos a isso. Se pudesse escolher, ele preferiria uma posição em que não precisasse moderar nada”, declarou Campo.

Enquanto o Telegram nega promover conteúdos extremistas, alegando que suas sugestões são baseadas nas escolhas dos usuários, especialistas e autoridades continuam a questionar a eficiência e a responsabilidade da plataforma em combater a disseminação de conteúdo nocivo. Telegram promove conteúdo extremista, segundo esses críticos.


Com informações da BBC Brasil

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