A pesquisa mais recente, envolvendo 1.200 usuários do chatbot de terapia cognitivo-comportamental Wysa, revelou que uma “conexão terapêutica” entre o bot e o paciente se estabeleceu em apenas cinco dias. Conduzido por psicólogos da Universidade de Stony Brook, do Instituto Nacional de Saúde Mental e Neurociências na Índia e do próprio Wysa, o estudo indicou que os pacientes começaram a acreditar rapidamente que o bot gostava, respeitava e se importava com eles.
Além do Wysa, outras opções de atendimento psicológico por inteligência artificial, como o character.ai, oferecem uma abordagem personalizada. Desenvolvido por Sam Zaia, um estudante de medicina da Nova Zelândia, o character.ai é um modelo de linguagem neural que pode representar qualquer pessoa, inclusive um psicólogo pessoal, adaptando-se às preferências do usuário.
Os benefícios apontados pelos usuários incluem acessibilidade, disponibilidade constante e recursos para salvar transcrições úteis. Especialistas veem o potencial da IA para lidar com a escassez de clínicos, mas desafios como a relutância dos pacientes em se revelar completamente ainda persistem. A IA pode atrair populações mais propensas a estigmatizar a terapia, como minorias e idosos.
Apesar dos elogios, estabelecer uma conexão genuína com um chatbot levanta questões sobre auto-engano, como observado em análises de avaliações de consumidores. Além disso, a eficácia da terapia com chatbots carece de estudos comparativos com abordagens tradicionais, e os chatbots nem sempre respondem de maneira adequada.
A regulamentação no campo da terapia por IA é um desafio, pois os desenvolvedores podem contornar regras rotulando seus aplicativos como produtos de bem-estar, mesmo oferecendo serviços terapêuticos. A questão da privacidade de dados também é destacada, com alguns aplicativos de saúde mental sendo criticados por não proteger adequadamente as informações dos usuários. Enquanto a terapia por IA atrai interesse, persistem incertezas sobre sua eficácia, ética e proteção da privacidade.
Fonte: Referência Folha Online
Imagem: Ilustração feita com AI/Dall-e (Prompt, P.S.)
