Fernando Honorato avalia que a política monetária impactará o desempenho econômico a partir do segundo semestre de 2025
Após a decisão do Copom de elevar a Selic em 1 ponto percentual, alcançando 12,25%, o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, estima que a taxa básica de juros poderá atingir entre 14,5% e 15,25% para que o Banco Central alcance o centro da meta de inflação de 3% até o final de 2026. Honorato destacou que o aumento representa uma estratégia mais firme do BC diante do cenário inflacionário, que permanece desafiador.
Honorato acredita que, com juros reais de 9% a 10%, os próximos meses trarão pressões significativas para empresas endividadas, o que pode resultar em ajustes operacionais, como cortes de custos e demissões. O impacto da política monetária deve ser mais evidente no segundo semestre de 2025, período em que o economista não descarta um PIB negativo.
Ainda assim, o primeiro semestre de 2025 tende a se beneficiar de fatores como uma safra agrícola robusta, aumento real do salário mínimo e poupança acumulada pelas famílias. “Na média do ano, o PIB não deve ser negativo, mas o segundo semestre será mais fraco”, afirmou.
Juros altos e impacto fiscal
O economista também mencionou que o aumento das despesas públicas, somado à desvalorização cambial, contribuiu para a necessidade de juros elevados. Além disso, Honorato criticou a proposta de desoneração do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, classificando-a como uma medida que não favorece os mais vulneráveis e que poderia ser melhor utilizada para reduzir a dívida pública.
Perspectivas para a Selic
Honorato prevê que a Selic possa ser ajustada novamente em maio ou junho de 2025, alcançando o patamar necessário para conter a inflação. Ele reforça, no entanto, que há espaço para o governo reduzir incertezas, como ao reavaliar propostas fiscais. “Sempre é possível resgatar a credibilidade e melhorar o cenário, ajustando medidas e reforçando o compromisso com o equilíbrio fiscal”, concluiu.
Com informações de O Estadão