Um vídeo associa erroneamente à China imagens do lançamento de doações por aviões na Faixa de Gaza. Na verdade, umas das gravações mostra donativos dos Emirados Árabes Unidos. Já outra imagem revela, de fato, o envio de mantimentos pela China, mas para o Paquistão e em 2022.
O UOL Confere considera distorcidos conteúdos que usam informações verdadeiras em contexto diferente do original, alterando seu significado de modo a enganar e confundir quem os recebe.
O que diz o post
A postagem abre com a chamada de texto “Bonito, lindo de se ver e de inspirar esperança. China desafia EUA e Israel e manda ajuda diretamente para Gaza.“
O vídeo tem 2min17seg e associa a entrega de doações à China ao mostrar bandeiras do país soltas ou fixadas em doações. A referência também se dá pela a inscrição da palavra “China” em caixas.
A postagem reúne mais de 20 trechos diferentes de vídeos. Um deles é mostrado três vezes. Nele, dezenas de pessoas correm – em uma região desértica e com prédios destruídos ao fundo – em direção às doações que são lançadas de aviões com uso de paraquedas. Outro trecho mostra um grupo de crianças em um telhado balançando uma bandeira da China e outro tem a inscrição “China aid for shared future” (Ajuda da China para um futuro compartilhado). Também são mostrados imagens de crianças recebendo alimentos cozidos e e caminhões nas estradas.
Parte do vídeo tem ainda um texto sobreposto escrito em chinês. Segundo o Google Tradutor, ele significa “A Palestina não chora, a China está chegando. Suprimentos de ajuda chegam à Palestina. O melhor material de sobrevivência é uma bandeira vermelha com cinco estrelas.”
Por que é distorcido
Doações lançadas de aviões são dos Emirados Árabes Unidos. Busca reversa no Bing (aqui) com uma captura de tela do vídeo mostra que a gravação foi feita em abril deste ano (aqui). Ela traz apenas um dos trechos do vídeo desinformativo, feito de dentro de um avião e que mostra o lançamento das doações primeiro de uma aeronave e depois de outra. Nas caixas é possível ver uma bandeira afixada, que é dos Emirados Árabes Unidos (veja detalhe abaixo), e não da China. A doação teria vindo, portanto, do país árabe, que está de fato realizando missões do tipo em Gaza (aqui).