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Vivência de Brasileiras em Portugal: Desafios Além do Sonho Europeu

A imagem da mulher latina exportada historicamente para fora do Brasil influencia a percepção que os homens europeus têm das mulheres brasileiras. O estereótipo de sensualidade exuberante e desejo exacerbado muitas vezes leva a comportamentos incisivos e agressivos, resultando em situações de assédio.

Esse retrato não surge do nada, mas é amplamente difundido pela mídia, especialmente pelo cinema norte-americano, que utiliza estereótipos para representar a América Latina como um todo, ignorando suas nuances individuais e criando uma imagem homogênea baseada em características sexuais.

A objetificação da mulher latina é perpetuada por meio de imagens que destacam corpos curvilíneos e sensualidade, retratando-as como meros objetos de desejo, enquanto suas vozes são silenciadas. Essa representação remonta à época de Carmen Miranda, cujos papéis no cinema reforçaram estereótipos sobre a mulher latina como sensual e exótica.

Em Portugal, esses estereótipos se manifestam de diversas formas, desde assédio e violência sexual até dificuldades de acesso a serviços e moradia. Mulheres brasileiras muitas vezes enfrentam discriminação ao tentar alugar uma casa, com proprietários que as rejeitam com base em sua nacionalidade ou impõem condições desfavoráveis.

Esses desafios refletem uma herança colonial e são exacerbados pela xenofobia e sexualização das mulheres imigrantes. A visão eurocêntrica de que os imigrantes estão invadindo a Europa ignora o histórico de colonização que contribuiu para a atual dinâmica de poder.

Para muitas mulheres brasileiras em Portugal, a experiência de intercâmbio é prejudicada por situações de assédio e desconforto em ambientes sociais, como festas e bares. Comentários e comportamentos invasivos são recorrentes, levando à sensação de vulnerabilidade e exclusão.

Relatos pessoais destacam a persistência do assédio e da objetificação, com mulheres se sentindo constantemente vigiadas e desrespeitadas. Essa realidade contrasta com a ideia de segurança associada à Europa, revelando uma lacuna entre a percepção e a vivência das mulheres brasileiras no exterior.

Dados de um estudo de 2020 sobre discriminação na imigração em Portugal revelam que a maioria dos imigrantes brasileiros, especialmente mulheres, já enfrentou algum tipo de discriminação baseada em estereótipos e preconceitos.

Em meio a esses desafios, é fundamental oferecer suporte e recursos para mulheres que enfrentam violência e discriminação. Linhas de apoio e serviços de assistência jurídica e psicológica são essenciais para garantir a segurança e o bem-estar das mulheres imigrantes.

Texto adaptado

Fonte: Termômetro da Política / Heloísa Holanda

Imagem: Ilustração com Dall-e 3

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