BRBrasilPolítica

X segue bloqueado no Brasil até cumprir ordens judiciais; entenda decisão do STF

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, manter a suspensão do X em todo o Brasil após julgamento em plenário virtual nesta segunda-feira (2). A votação serviu para reforçar a base jurídica do pedido de Moraes, publicado na última sexta-feira (30) e reforçou quais pontos a plataforma precisa cumprir para voltar a atuar no Brasil.

Além de Alexandre de Moraes, relator da ordem contra a rede social, outros quatro ministros do Supremo votaram a favor da decisão — Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luíz Fux. A escolha por analisar o tema na 1ª Turma e não com todos os ministros do Pleno, por sua vez, acompanhou o regimento padrão do tribunal para estes casos.

O que significa a decisão do STF?

O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia

A votação de hoje foi uma forma de discutir e avaliar a ordem judicial expedida por Alexandre de Moraes — caso mais ministros votassem contra a decisão, ela poderia ser anulada ou discutida novamente em outra plenária. Os cinco votos de hoje, portanto, seguiram com a suspensão.

Para acabar com o bloqueio no país, o X precisa cumprir com três requisitos:

  • Nomear um representante legal para a empresa no Brasil;
  • Pagar todas as multas aplicadas por não seguir as ordens judiciais (que já são mais de R$ 18 milhões);
  • Atender a todas as decisões da Justiça para bloquear perfis que publicam conteúdos de teor antidemocrático ou criminoso.

A advogada mestra em Direito Público e professora da Uniarnaldo Centro Universitário, Virgínia Machado, explica que a votação de hoje serviu para analisar a decisão e os argumentos apresentados pelo ministro do STF.

“O processo é avaliado pelos membros da Primeira Turma, que é onde o Alexandre Moraes hoje faz parte, e eles fazem uma análise com relação ao conteúdo da decisão, sua pertinência, sua legalidade e assim por diante”, afirma. “Quando os ministros por unanimidade entendem por manter a suspensão do X, basicamente eles estão confirmando a decisão do ministro relator”.

Leia Também!  Robô Optimus da Tesla impressiona ao interagir com público no evento "We, Robot"

Ressalva

O ministro Luiz Fux votou a favor da decisão, mas fez uma ressalva para que a medida “não atinja pessoas naturais e jurídicas indiscriminadas e que não tenham participado do processo”, com exceção de casos em que “as mesmas utilizarem a plataforma para fraudar a presente decisão, com manifestações vedadas pela ordem constitucional, tais como expressões reveladoras de racismo, fascismo, nazismo, obstrutoras de investigações criminais ou de incitação aos crimes em geral”.

A medida é permanente?

Em partes. Segundo a professora Virgínia Machado, a decisão não vale como uma sentença definitiva para encerrar o processo, mas não significa que os efeitos da suspensão são temporários — eles continuam em vigor até o X atender aos pedidos da ordem expedida pelo STF.

“Os processos tramitam nas mãos de um membro do Supremo, e podem ser levados à votação tanto para a Turma decidir quanto ao plenário de todos os onze ministros do Supremo. Então, neste primeiro momento a decisão não é uma sentença definitiva, um acórdão definitivo que vai colocar fim ao processo. Está num ponto que chamamos de decisões interlocutórias ao longo do processo. Ela é temporária, mas não no sentido de efeitos temporários: os efeitos vão durar até o momento em que Elon Musk decida colocar o seu representante aqui no Brasil ou não operar mais em hipótese alguma”, explica. 

Leia Também!  SpaceX realiza 2º voo completo da Starship, nave mais poderosa do mundo, neste domingo

Machado ainda comenta que uma decisão só é definitiva quanto transita em julgado, mas uma decisão interlocutória tem “a mesma vinculação de obrigatoriedade de respeito”, portanto segue válida no Brasil.

O que o X precisa fazer para acabar com o bloqueio?

O X volta a funcionar normalmente se atender aos três pedidos já mencionados anteriormente — continuar com o bloqueio de contas responsáveis por conteúdos antidemocráticos, nomear representante legal no Brasil e pagar as multas pendentes.

A advogada mestra em Direito Público Virgínia Machado ressalta que a empresa pode entrar com recurso para análise na Justiça, mas isso não é garantia de sucesso. “É possível reverter na via recursal, mas eu volto a Primeira Turma do STF mantém suspenso o X por unanimidade”.

O que muda para os usuários?

A rede segue fora do ar, mas algumas pessoas ainda conseguem acessá-la: isso acontece porque algumas operadoras menores podem demorar mais para efetuar o bloqueio da plataforma. Vale lembrar que Alexandre de Moraes deu um prazo de cinco dias, começando no último sábado (31), para que a decisão seja atendida em todo o Brasil (mas a Starlink não quer segui-la e corre riscos de punições maiores).

O especialista em redes sociais Antonio Gelfusa Júnior explica que a situação não muda muito para quem já não tinha acesso ao X. “Sem a permissão do uso da plataforma no Brasil, com suspensão geral, o usuário não terá mais a rede social para compartilhar conteúdos ou mesmo resgatar ou acessar os conteúdos já publicados”, comenta.

Além disso, a decisão judicial determinou uma multa de R$ 50 mil por dia para quem acessar a rede social a partir de uma VPN.

Compartilhar: