Saúde

Doença mais mortal confundida com dengue tem seus riscos subestimados

Enquanto a dengue continua a receber grande atenção da mídia e das autoridades de saúde, uma outra doença, a febre chikungunya, tem se espalhado silenciosamente, apresentando um desafio crescente em várias regiões do Brasil e do mundo.

A febre chikungunya, causada pelo vírus CHIKV, tem sido historicamente subestimada em sua letalidade e impacto. Originalmente considerada menos letal que a dengue, estudos recentes vêm desafiando essa percepção, revelando uma realidade preocupante.

A doença foi isolada pela primeira vez na Tanzânia, África, e desde então se espalhou para diversas regiões, inclusive para as Américas. Sua semelhança com a dengue dificulta o diagnóstico, especialmente em áreas onde ambos os vírus circulam simultaneamente.

Os primeiros registros de óbitos relacionados à chikungunya remontam às epidemias na Índia nas décadas de 1960. No entanto, foi durante a epidemia na Ilha da Reunião, em 2006, que a letalidade da doença chamou atenção global. Com uma população de cerca de 785 mil habitantes, a ilha relatou 255 óbitos atribuídos à chikungunya, uma taxa de mortalidade alarmante.

Em outras áreas afetadas, como na Índia e em países do Caribe, os números de mortes por chikungunya também foram significativos, mas muitas vezes subestimados devido à dificuldade em diagnosticar a doença.

No Brasil, durante a epidemia de chikungunya em 2016, estima-se que houve um excesso de 2.534 mortes em apenas cinco capitais analisadas, um número muito maior do que os 196 óbitos oficialmente reportados pelo Ministério da Saúde para o país inteiro durante o mesmo período.

Esses dados destacam a necessidade urgente de revisão das políticas de saúde pública para enfrentar a ameaça representada pela chikungunya. É essencial direcionar recursos para melhorar a capacidade diagnóstica, tratamento e prevenção da doença, bem como para a pesquisa de vacinas eficazes.

Portanto, enquanto a dengue continua a ser uma preocupação significativa de saúde pública, a febre chikungunya emerge como uma doença igualmente séria, senão mais letal em alguns aspectos. Ignorar sua crescente incidência e subestimar sua gravidade pode ter consequências devastadoras para a saúde pública e o bem-estar das populações afetadas.

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