Saúde

Estudo da Fiocruz relaciona crescimento da dengue com desmatamento e crise climática

Um estudo conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indica que o aumento da incidência da dengue em regiões antes consideradas não endêmicas está diretamente ligado às mudanças climáticas e à expansão humana em áreas recém-desmatadas. A pesquisa, divulgada na revista Scientific Reports, destaca que as constantes ondas de calor, impulsionadas pelas mudanças climáticas, combinadas com o crescimento urbano em áreas anteriormente cobertas por vegetação, são os principais fatores por trás do aumento de casos da doença nas regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil entre 2014 e 2020.

Segundo os pesquisadores, o prolongamento e intensificação das ondas de calor, especialmente durante o verão, têm contribuído significativamente para o aumento da transmissão da dengue, tanto pela presença do mosquito Aedes aegypti quanto pela movimentação de pessoas nessas áreas. Além disso, o avanço do desmatamento, especialmente no Cerrado, tem favorecido a propagação da doença na região Centro-Oeste.

Christovam Barcellos, pesquisador da Fiocruz e um dos autores do estudo, ressalta que em locais como o interior do Paraná, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, as temperaturas elevadas estão se tornando cada vez mais frequentes, o que impulsiona a disseminação da dengue. O aumento do desmatamento nessas regiões, associado à falta de saneamento básico em áreas urbanas, cria condições favoráveis para a reprodução do mosquito transmissor.

Essa análise reforça estudos anteriores que destacam a relação entre o aumento do calor extremo e a proliferação da dengue. O verão de 2023/2024, marcado por altas temperaturas recordes em diversas partes do Brasil, está acompanhado por um aumento significativo nos casos da doença.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil já registrou mais de 1,6 milhão de casos de dengue em 2024, superando o total de casos do ano anterior. Com mais de nove meses restantes no ano, é provável que 2024 se torne o pior ano da série histórica da doença no país.

(Fonte: ClimaInfo, 18 de março de 2024)

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