CiênciasTecnologia

Quanto falta para conseguirmos ler pensamentos, segundo a Ciência

No final de janeiro, Elon Musk compartilhou nas redes sociais o sucesso do primeiro implante humano do dispositivo “Telepatia” da Neuralink, marcando um marco significativo na pesquisa de interfaces cérebro-máquina. Embora esse avanço tecnológico desperte expectativas sobre a possibilidade de ler pensamentos, a comunidade científica pondera que ainda estamos distantes desse objetivo.

Desde setembro de 2023, quando a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos autorizou o implante do dispositivo em humanos, os olhares estavam voltados para a equipe de Elon Musk. O Telepatia foi implantado em voluntários com tetraplegia e esclerose lateral amiotrófica, com a esperança de que pudesse decodificar os sinais cerebrais relacionados ao movimento, permitindo o controle de próteses ou a interação com computadores.

Embora o Telepatia seja um feito notável, ele representa um desafio fundamental: a escuridão que envolve a atividade neuronal. Ao contrário das células musculares, onde a atividade elétrica está diretamente relacionada à contração visível, a atividade dos neurônios não é tangível. Mesmo com dispositivos como os estimuladores cerebrais profundos, que já são utilizados com sucesso em condições como Parkinson, ainda há muito a ser compreendido sobre como e por que eles funcionam.

A incerteza sobre a natureza do pensamento adiciona outra camada de complexidade. Embora possamos avançar na interação entre cérebro e máquina, a capacidade de decifrar os pensamentos humanos permanece um desafio. O cérebro, com sua profundidade e complexidade, continua sendo um mistério para a ciência.

Enquanto o futuro da leitura de pensamentos permanece incerto, é inegável o progresso impressionante alcançado até agora. No entanto, é importante abordar essa pesquisa com cautela e considerar não apenas os avanços tecnológicos, mas também as implicações éticas e sociais que ela pode trazer.

Javier Díaz Dorronsoro, professor de Instrumentação Biomédica na Universidade de Navarra, Espanha, aborda essas questões com profundidade em seu artigo original publicado no The Conversation.

Compartilhar: