Ciências

Nova Perspectiva sobre a Ocupação Costeira do Sul do Brasil Há 2 Mil Anos

Uma nova luz está sendo lançada sobre a história da ocupação do litoral brasileiro, graças a uma pesquisa conduzida por especialistas do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), com o apoio da FAPESP.

Publicado recentemente na revista PLOS ONE, o estudo revela descobertas surpreendentes sobre os povos que habitavam os sambaquis no sítio Galheta IV, em Laguna, Santa Catarina. Contrariando hipóteses anteriores, os pesquisadores demonstraram que esses povos não foram substituídos pelos ancestrais dos povos indígenas Jê do Sul.

André Strauss, coordenador do estudo, enfatiza que a interação entre os sambaquieiros e os povos proto-Jê foi muito menor do que se pensava. Aspectos como práticas funerárias e cerâmica distinguem claramente esses grupos. Além disso, os sambaquieiros eram descendentes diretos dos que viveram na região desde tempos remotos.

A pesquisa também revela novas pistas sobre o declínio dos sambaquis, sugerindo que fatores como mudanças ambientais e contato com outras culturas podem ter contribuído para esse fenômeno. A análise de isótopos de estrôncio, carbono e nitrogênio foi fundamental para entender a dieta desses povos, que dependiam fortemente de recursos marinhos.

Além disso, a análise da cerâmica encontrada no sítio sugere que a influência dos proto-Jê pode ter sido apenas cultural, sem substituir completamente os hábitos dos sambaquieiros. Essas descobertas lançam uma nova luz sobre a evolução da ocupação humana na costa sul do Brasil.

Como destaca Strauss, o sítio Galheta IV é uma verdadeira “pedra de roseta” para compreender essas conexões e transformações ao longo do tempo. Este estudo representa apenas o começo de uma jornada mais ampla de descobertas arqueológicas na região, com novos projetos já em andamento.

Fonte: André Julião | Agência FAPESP

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