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Desafio da Greve dos Servidores Revela Resistência ao Governo Lula

A greve dos servidores técnico-administrativos das universidades e institutos federais transcendeu a esfera das negociações coletivas, tornando-se um teste político para o governo Lula. Desde março, a mobilização ganhou força, contando com a adesão de trabalhadores de 470 unidades de ensino básico e superior.

Essa greve histórica pressionou o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos a antecipar a Mesa Nacional de Negociação Permanente, originalmente agendada para junho. No entanto, a primeira rodada de negociações revelou falhas por parte do governo, exacerbadas pela tentativa do secretário nacional de Relações de Trabalho, Jose Lopez Feijóo, de proibir greves durante as negociações, o que acabou fortalecendo ainda mais a união dos trabalhadores.

Embora Lula tenha herdado um cenário de arrocho salarial e desvalorização das carreiras no funcionalismo, a contraproposta do governo não atende às demandas dos servidores. Enquanto avanços foram conquistados em 2023, como o reajuste salarial de 9% e o aumento no vale-alimentação, a defasagem salarial persiste, com reivindicações que se limitam à inflação acumulada.

Na última rodada de negociações, o governo propôs reajustes nos auxílios, mas manteve os salários congelados para 2024, o que foi considerado insuficiente pelas entidades sindicais. A perspectiva de não conceder nenhum centavo de reajuste em 2024 levou a uma nova frustração, com críticas da Sinasefe e da Fasubra à proposta “irrisória e decepcionante” do governo.

A continuidade da greve nas universidades e institutos federais, com potencial para se expandir para outras categorias do serviço público, demonstra que o governo ainda não compreendeu a magnitude desse movimento. Embora haja o risco de instrumentalização política em ano eleitoral, os servidores estão determinados a não cederem diante de propostas que não atendem às suas demandas.

A resistência dos servidores reflete não apenas a insatisfação com a proposta do governo, mas também uma discordância em relação à lógica fiscalista adotada, que prioriza o déficit primário zero em 2024 em detrimento dos direitos dos trabalhadores. Enquanto o governo busca equilibrar as contas públicas, os servidores deixaram claro que não estão dispostos a aceitar medidas que comprometam suas condições de trabalho e remuneração.

Fonte: Artigo adaptado de Vermelho

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