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A Onda Global de Agressões a Professores: Um Sinal de Alerta Preocupante

Em diversas partes do mundo, a agressão a professores tem se tornado um fenômeno preocupante, com relatos de violência física e verbal por parte de alunos e até mesmo de pais. Este crescente problema não se limita ao Brasil e está causando um impacto significativo na saúde mental e no bem-estar dos educadores.

Casos Extremos e Suicídio

Em um caso trágico na Coreia do Sul, a professora primária Lee-Min so se suicidou após sofrer intensa pressão e perseguição por parte dos pais de seus alunos. Sua família descobriu a opressão ao ler seus diários, desencadeando uma onda de indignação entre os professores sul-coreanos que clamam por maior proteção e melhores condições de trabalho.

No Brasil, os ataques violentos a professores têm se tornado frequentes. No ano passado, um ataque em uma escola estadual em São Paulo resultou na morte de uma professora e deixou outras quatro pessoas feridas. Uma pesquisa de 2023 realizada pela Nova Escola e o instituto Ame Sua Mente revelou que 70% dos educadores notaram um aumento na violência e agressividade entre os alunos. Além disso, 70% dos professores afirmaram ter conhecimento de algum caso de violência em suas escolas.

Incidentes em Outros Países

  • Inglaterra: Uma pesquisa com 9 mil professores, encomendada pela BBC, mostrou que quase um em cada cinco professores foi agredido por um aluno neste ano.
  • Espanha: Uma professora de Valência foi agredida com socos e pontapés por um aluno. Além disso, 91% dos professores de escolas públicas enfrentam problemas de convivência nas salas de aula.
  • Colômbia: Em Bogotá, uma professora foi brutalmente agredida por uma aluna após pedir que ela não usasse o celular.
  • Chile: Um professor em Santiago ficou inconsciente após ser espancado por um aluno ao informá-lo, na presença da mãe, que ele repetiria o ano.

Causas e Consequências

Especialistas apontam várias causas para este aumento na violência. María Elena Duarte, psicóloga chilena, observa que a percepção da escola e o vínculo entre professores e alunos mudaram drasticamente. A superproteção dos filhos por parte dos pais e a falta de respeito pela autoridade dos professores são fatores que contribuem para esse comportamento agressivo.

A pandemia de covid-19 também exacerbou esses problemas, com um aumento nos problemas de saúde mental e comportamentos agressivos. O lockdown forçou muitas crianças e adolescentes a perderem etapas críticas de desenvolvimento social e emocional, resultando em dificuldades de convivência no ambiente escolar.

Em resposta a esses incidentes, algumas regiões estão implementando medidas legais para proteger os professores. Na Espanha, por exemplo, os professores agora têm status de autoridade por lei, o que significa que agredi-los é considerado desacato à autoridade. No entanto, essas medidas ainda não conseguiram deter o aumento das agressões.

A Importância da Saúde Mental

A situação afeta gravemente a saúde mental dos professores. Na Espanha, cerca de 80% dos professores atendidos pelo serviço de defesa dos professores da ANPE sofrem de ansiedade, e muitos estão afastados devido à depressão. No Chile, o número de licenças médicas relacionadas ao estresse aumentou significativamente no último ano.

A violência contra professores é um problema global que exige atenção urgente. Para combater este fenômeno, é crucial melhorar as condições de trabalho dos educadores, promover a saúde mental de toda a comunidade escolar e restabelecer o respeito e o vínculo entre professores e alunos. Se essas ações não forem implementadas, o problema poderá se agravar ainda mais, comprometendo a qualidade da educação e o bem-estar dos profissionais.

Locais para pedir ajuda no Brasil:

  • CVV (Centro de Valorização da Vida): Ligue 188, atendimento gratuito 24h por dia.
  • Pode Falar (Unicef): Chat para jovens de 13 a 24 anos.
  • Emergências: Bombeiros (193), Polícia Militar (190), SAMU (192).
  • Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24h.
  • Mapa da Saúde Mental: Ajuda a encontrar atendimento gratuito em todo o Brasil.

Com reportagem adicional de Lauren Moss e Elaine Dunkley.

Fonte: adaptação de BBC

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