Em 1971, Luiz Gonzaga fez uma apresentação histórica no Festival de Verão de Guarapari, um evento com forte influência hippie e inspirado em Woodstock.
Para compreender a importância do álbum “Baião dos Hippies”, lançado em 2021 pelo selo Discobertas, é fundamental conhecer a trajetória de Luiz Gonzaga (13 de dezembro de 1912 – 2 de agosto de 1989). Este disco raro registra a apresentação histórica do rei do baião no Festival de Verão de Guarapari, realizado em fevereiro de 1971.
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Luiz Gonzaga sempre foi um ícone no nordeste brasileiro, mas sua presença nos mercados centrais foi afetada pela revolução estética da bossa nova em 1958 e pelo surgimento da MPB a partir de 1965. Em 1971, Gonzaga buscou reconectar-se com a MPB através do álbum “O canto jovem de Luiz Gonzaga”, que incluía músicas de jovens compositores como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Edu Lobo. Essa aproximação teve início com sua participação no festival hippie de Guarapari.
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O Festival de Verão de Guarapari, realizado de 11 a 14 de fevereiro de 1971 na praia Três Marias, em Guarapari (ES), tinha uma forte aura hippie, inspirado no lendário festival de Woodstock, que em 1969 propagou a ideologia de paz e amor. O festival capixaba contou com apresentações de artistas conectados ao público jovem e à cultura hippie, como a banda A Bolha e os cantores Erasmo Carlos, Milton Nascimento e Tony Tornado.
Em meio a essa atmosfera contracultural, Luiz Gonzaga, ao lado de Angela Maria (1929 – 2018), destacou-se como uma figura inusitada. Ambos buscavam renovar seu público e repertório. Gonzaga, em especial, surpreendeu o público hippie de Guarapari ao mostrar como se dançava o baião, reforçando sua habilidade de se conectar com diferentes gerações.
Apesar do festival ter sido um fracasso comercial, ele entrou para a história. A edição do álbum “Baião dos Hippies” 50 anos depois é uma iniciativa do produtor e pesquisador musical Marcelo Fróes, que reconhece a importância desse momento singular na carreira de Luiz Gonzaga.
Texto adaptado de G1.