Economia

Taxação de Grandes Fortunas: “É Mito Pensar que Todos os Pobres São Empreendedores”, Diz Ganhadora do Nobel de Economia

A economista Esther Duflo, vencedora do Nobel de Economia, defende a taxação das maiores fortunas para financiar a mitigação das mudanças climáticas e ajudar os mais pobres. Ela critica a ideia de que todos os pobres são empreendedores e destaca a necessidade de políticas públicas eficazes.


Taxação de Grandes Fortunas: “É Mito Pensar que Todos os Pobres São Empreendedores”, Diz Ganhadora do Nobel de Economia

Uma das economistas mais respeitadas do mundo quando o assunto é pobreza, a francesa Esther Duflo tem se dedicado a discutir a responsabilidade dos ricos na crise climática. Em suas palestras e reuniões com líderes globais, como no G20, Duflo argumenta que os bilionários têm uma “dívida moral” por serem os maiores poluidores do planeta.

Duflo, que ganhou o Nobel de Economia em 2019 por seu trabalho em estratégias para combater a pobreza, esteve no Brasil em junho. Ela propôs aumentar o imposto global sobre as maiores empresas multinacionais e implementar uma nova taxa sobre as fortunas das 3 mil pessoas mais ricas do mundo. Segundo ela, os recursos deveriam ser usados para ajudar na reconstrução de áreas afetadas por desastres climáticos, como o Rio Grande do Sul.

A economista enfatiza que as mudanças climáticas são uma questão urgente e que as maiores vítimas são os pobres, que pouco contribuem para a poluição global. Duflo destaca que a taxação das grandes fortunas é uma maneira justa de compensar essa desigualdade e financiar políticas públicas essenciais.

Desafios na Economia dos Pobres

Além de suas propostas sobre a taxação dos ricos, Duflo continua focada em seu trabalho sobre a pobreza. Ela usa uma abordagem experimental para testar a eficácia de políticas públicas em pequenas comunidades. Essa metodologia revelou que dar empréstimos para os pobres iniciarem negócios geralmente não resulta em melhorias significativas.

Duflo derruba o mito de que todos os pobres são empreendedores. Segundo ela, muitos negócios dos pobres refletem mais a falta de melhores oportunidades do que um espírito empreendedor genuíno. A maioria das pessoas prefere uma vida estável a correr riscos financeiros.

O Papel da Inteligência Artificial

Sobre o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho, Duflo se abstém de fazer previsões definitivas. Ela acredita que a direção que a tecnologia tomará dependerá de como será regulada e desenvolvida. A IA pode tanto substituir empregos quanto criar novas oportunidades, dependendo de como for utilizada.

Desigualdade de Gênero na Economia

Duflo também comenta sobre a desigualdade de gênero em sua área. Ela é uma das poucas mulheres a ganhar o Nobel de Economia e acredita que a cultura agressiva na economia desanima muitas mulheres. No entanto, vê sinais de mudança à medida que temas como políticas públicas e educação ganham mais respeito na disciplina.

Parceria Pessoal e Profissional

Trabalhando ao lado de seu marido, Abhijit Banerjee, Duflo destaca os benefícios de compartilhar a mesma paixão pela economia. Eles conseguem equilibrar vida pessoal e profissional, encontrando tempo para a família e o trabalho.

Legado

Quando questionada sobre como gostaria de ser lembrada, Duflo minimiza sua importância individual. Ela espera que seu trabalho inspire um movimento contínuo para melhorar a avaliação e o desenho de políticas públicas voltadas para os pobres.

Texto adaptado de BBC News Brasil.

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