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Nordeste Prevê Investimentos de R$ 750 Bilhões em Infraestrutura nos Próximos 15 Anos

A região Nordeste deve receber R$ 750 bilhões em investimentos em infraestrutura, financiados em grande parte pelo Banco do Nordeste com apoio do FNE.


O Nordeste brasileiro está previsto para receber R$ 750 bilhões em investimentos ao longo dos próximos 15 anos, com foco em infraestrutura. O Banco do Nordeste (BNB) será um dos principais financiadores, utilizando recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que oferece juros subsidiados.

Durante o seminário “Infraestrutura e Desenvolvimento do Nordeste”, realizado em São Paulo pela Valor e Editora Globo, autoridades e especialistas discutiram as oportunidades em setores como saneamento básico, energias renováveis, portos, aeroportos, rodovias, turismo, agronegócio, petróleo e gás. O evento contou com o apoio do BNB, que destacou sua atuação na concessão de crédito para projetos de infraestrutura.

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, ressaltou os esforços conjuntos do governo federal e da iniciativa privada para melhorar a infraestrutura aeroportuária na região. Ele mencionou investimentos em portos de estados como Pernambuco (Suape), Ceará (Pecém), Maranhão (Itaqui), Bahia e Piauí, além da construção ou requalificação de 22 aeroportos, incluindo os de Maragogi (AL), Aracati (CE) e Balsas (MA).

Paulo Câmara, ex-governador de Pernambuco e presidente do BNB, afirmou que a região Nordeste receberá 42% dos recursos do Novo PAC, totalizando R$ 688 bilhões. Ele também mencionou que o crescimento da região deve ser 50% superior à média nacional nos próximos anos.

Venilton Tadini, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), referenciou um estudo da consultoria Tendências, que projeta R$ 750 bilhões em investimentos nos próximos 15 anos, abrangendo energia, saneamento, transporte, logística, rodovias, óleo e gás.

O setor de saneamento básico, com a meta de universalizar o fornecimento de água e coleta de esgoto até 2033, foi destacado nas discussões. Veronica Sánchez da Cruz Rios, presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), mencionou que investimentos estão sendo acelerados por concessões e parcerias público-privadas em estados como Alagoas e Ceará, com novos leilões previstos no Piauí e Sergipe.

Entre os participantes do evento estavam Wagner Cardoso, da Confederação Nacional da Indústria (CNI); Rogério Tavares, da Aegea Saneamento; Luciano Arruda, da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece); e José Aldemir Freire, do BNB.

Entrevista: Paulo Câmara, Presidente do Banco do Nordeste

O Banco do Nordeste (BNB) destina R$ 50 bilhões anuais para investimentos na região, com R$ 40 bilhões provenientes do FNE, que oferece juros reduzidos. Em entrevista, Paulo Câmara destacou as metas do BNB para ampliar o impacto do crédito no desenvolvimento regional.

Quais são as perspectivas para o crescimento do Nordeste?

Paulo Câmara: “A região vem crescendo mais que o Brasil e, segundo o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), o PIB per capita crescerá 50% mais do que a média nacional até pelo menos 2030. Isso é muito importante para reduzir o desequilíbrio regional no país. O Nordeste representa 28% da população brasileira, mas tem uma participação de menos de 14% do PIB.”

Quais são os principais segmentos que o banco atende?

Câmara: “A abrangência é ampla, indo desde o microcrédito até grandes investimentos em vários segmentos. Nos últimos cinco anos, destinamos mais de R$ 30 bilhões para projetos de energias renováveis. O Nordeste tem todas as condições para continuar crescendo em geração de energia solar e eólica, pela abundância desses recursos, e atrair investimentos em hidrogênio verde. Há muitas oportunidades na área de saneamento, em ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, no agro, no turismo e na indústria. O banco também tem uma presença muito forte no setor de serviços e no comércio, que respondem por 70% do PIB nordestino.”

Quais condições especiais o banco oferece aos investidores?

Câmara: “O FNE, que está girando em torno de R$ 40 bilhões ao ano, conta com um subsídio que nos permite oferecer uma taxa de juros em torno da metade da que é praticada no mercado, além de condições de prazo e de carência bem atrativas. O fundo possui várias linhas de crédito, como para compra de maquinário, capital de giro, projetos de sustentabilidade, incluindo energias renováveis, inovação, turismo, segmento da saúde.”

O que o banco faz para ampliar o acesso a esses recursos?

Câmara: “No ano passado, somando o FNE com os recursos próprios que o banco também disponibiliza aos empreendedores, liberamos R$ 50 bilhões para investimentos na região. E a demanda foi bem maior, perto de R$ 100 bilhões. Como temos uma limitação de funding para atender a todo mundo, buscamos diversificar a oferta para dar oportunidade de acesso a todos. Procuramos ser um financiador relevante ou complementar nos projetos e fazemos isso dentro de uma visão realmente da importância de estarmos presentes nos investimentos que chegam. Também buscamos atuar nos nove estados do Nordeste, mais partes de Minas e do Espírito Santo que integram nossa área de atuação.”

E quanto à atuação junto aos microempreendedores individuais e às micro e pequenas empresas?

Câmara: “Somos o banco que mais atua nesses segmentos no Nordeste. Temos dois programas de microcrédito produtivo orientado – um urbano, chamado Crediamigo, e um rural, o Agroamigo, que apoia principalmente a agricultura familiar. Este ano, devemos liberar R$ 25 bilhões em crédito para quatro milhões de clientes, somando pessoas físicas, agricultura familiar e micro e pequenas empresas. É uma proporção muito volumosa de recursos que colocamos à disposição de pessoas que têm dificuldade de acesso a crédito, principalmente mais barato. Esse também é um papel importante do banco que temos procurado impulsionar em razão de nossa função pública e também pelo fato de que 90% dos empregos em nossa região são gerados por micro e pequenos negócios.”


Texto adaptado de Valor Econômico e Editora Globo.

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