Limitações à importação de chips de alta tecnologia podem frear o desenvolvimento de grandes modelos de linguagem e centros de dados no país.
Anunciadas nesta semana, novas sanções dos Estados Unidos que visam restringir o acesso a tecnologias avançadas afetam diretamente o desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA) no Brasil. Embora direcionadas a países como China, Rússia e Irã, as regras se aplicam globalmente, incluindo nações consideradas aliadas.
Brasil no “Grupo Dois”
O Brasil foi incluído no “Grupo Dois”, composto por países que precisam de aprovação prévia do Departamento de Comércio dos EUA para adquirir chips avançados, como os desenvolvidos pela NVIDIA. Entre as nações nessa categoria estão Índia, Israel e até membros da Otan, como Polônia. Já o “Grupo Um”, formado por 18 países como Alemanha, Japão e Coreia do Sul, possui acesso privilegiado às tecnologias sem as mesmas restrições.
De acordo com as novas regras, o Brasil terá um limite anual de importação de 1.700 GPUs de ponta, insuficientes para a construção de grandes centros de processamento de dados essenciais para projetos de larga escala em IA.
Impactos no Desenvolvimento Tecnológico
Além das restrições à importação de chips, empresas americanas precisarão de autorização para construir data centers no Brasil, dificultando a expansão da infraestrutura tecnológica no país. Isso afeta diretamente etapas cruciais no desenvolvimento de modelos de linguagem, como o pré-treino, que demanda alto poder computacional e investimento milionário.
Segundo Anderson Soares, coordenador do Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG):
“Com as novas regras, precisaríamos de autorização do governo americano para usar essas aplicações, tornando o processo burocrático e tirando nossa agilidade em inovação.”
Período de Transição
As sanções, que entrarão em vigor após um período de transição de 120 dias, ainda podem ser modificadas ou revogadas pela administração de Donald Trump. Entretanto, a implementação das medidas pode consolidar barreiras significativas para o avanço da IA brasileira.
O Brasil, que já enfrenta desafios na consolidação de um setor de alta tecnologia competitivo, pode ver sua posição no cenário global de inovação enfraquecida com essas novas restrições.