O ex-ministro das Relações Exteriores durante o governo de Michel Temer, Aloysio Nunes, fez declarações contundentes sobre os desafios que o Brasil e o mundo podem enfrentar com o segundo mandato de Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos. Em entrevista ao jornal O Globo, publicada neste sábado (18), Nunes destacou a mudança de postura do republicano e traçou paralelos históricos alarmantes.
Trump mais preparado e com visão de poder ampliada
Nunes observou que Trump está significativamente mais preparado em relação ao seu primeiro mandato. Segundo ele, enquanto a primeira eleição foi quase uma surpresa, agora o ex-presidente construiu um programa mais robusto, que inclui uma visão mais assertiva sobre o papel global dos EUA.
“A segunda vitória dele foi avassaladora. Hoje ele está muito mais no controle, teve tempo de se preparar e traz uma ideia de que os EUA podem fazer o que quiserem, confiando no poder econômico e militar para dobrar outros países”, afirmou o ex-chanceler.
Ele também apontou que a reação de muitos países europeus à postura de Trump tem sido tímida, o que reforça a percepção de que o republicano ganhou maior ousadia e controle político.
Comparações com Adolf Hitler
Um dos pontos mais polêmicos da entrevista foi a comparação entre Trump e o líder nazista Adolf Hitler. Nunes comentou declarações recentes do republicano sobre a possibilidade de anexar territórios, como a Groenlândia e o Canal do Panamá.
“O que ele diz sobre esses territórios lembra Hitler falando sobre a necessidade de conquistar o leste europeu”, comparou.
Impactos para o Brasil e a comunidade imigrante
Para Aloysio Nunes, as políticas antimigração de Trump representam uma ameaça direta à comunidade brasileira nos Estados Unidos, que é uma das maiores do mundo. Ele relembrou situações enfrentadas durante seu mandato como chanceler, quando famílias brasileiras foram separadas devido a deportações em massa.
“O Brasil deve estar em estado de alerta. Trump já prometeu endurecer ainda mais as políticas contra imigração ilegal, o que pode prejudicar nossos cidadãos”, alertou.
Diplomacia pragmática e interesses bilaterais
Apesar das críticas severas, Nunes ponderou que o Brasil deve adotar uma postura pragmática diante de Trump, aproveitando interesses econômicos comuns entre os dois países. Ele destacou que o republicano é, antes de tudo, um homem de negócios.
“Temos uma relação bilateral sólida. Precisamos sentar à mesa e negociar. Trump vem do mundo empresarial e faz negócios, o que pode ser explorado a favor do Brasil”, analisou.
Posse marcada por controvérsias
A segunda posse de Trump, marcada para esta segunda-feira (20), tem gerado reações intensas em diversas esferas políticas. Entre as promessas do republicano estão a ampliação do cerco à imigração ilegal e a polêmica discussão sobre a anexação de territórios estratégicos, o que pode reacender tensões geopolíticas.
Conclusão
As declarações de Aloysio Nunes evidenciam um cenário global instável, no qual o Brasil precisará combinar prudência e pragmatismo para lidar com a postura assertiva e imprevisível de Trump. A forma como o novo governo brasileiro se posicionará diante desse contexto será crucial para proteger seus interesses e os direitos de milhares de brasileiros residentes nos Estados Unidos.
Artigo adaptado do Portal R7