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Exército Exige que Jovem Empresário Encerre Negócio para Cumprir Serviço Militar

Exército Exige que Jovem Empresário Encerre Negócio para Cumprir Serviço Militar

Morador de Campinas, arrimo de família pode ser forçado a fechar empresa para servir ao Exército, enquanto caso de Neymar é lembrado como exemplo de critérios subjetivos.

Um jovem de Campinas, São Paulo, vive um impasse com o Exército Brasileiro. Dono de uma empresa no ramo de transportes, ele é o principal provedor da família e enfrenta dívidas, como um financiamento de R$ 1,8 mil mensais pelo veículo que utiliza no trabalho. Apesar disso, os oficiais da 3ª Companhia de Comunicações, onde ocorreu o alistamento, ignoraram os documentos que comprovam sua situação e determinaram que ele deve se apresentar sem vínculo empresarial. “Na quarta-feira ele já deve ter deixado a condição de empresário”, ordenaram os militares, intensificando a tensão do rapaz e de seus familiares.

Decisões Subjetivas no Alistamento

O Exército Brasileiro dispensa mais de 95% dos jovens alistados, conforme dados oficiais da instituição. No entanto, a escolha de quem será incorporado ao serviço militar levanta questionamentos. Especialistas e familiares apontam que os critérios parecem depender de fatores como a impressão causada pelo jovem durante o processo ou decisões discricionárias dos avaliadores. No caso do empreendedor de Campinas, os oficiais desconsideraram provas de sua condição de microempresário (ME) e de suas responsabilidades financeiras, exigindo que ele abandone o negócio para servir como recruta.

O Contraste com Neymar

Em 2011, o Brasil acompanhou um caso oposto: a dispensa do jogador Neymar do serviço militar. Já milionário e em ascensão, o atleta foi liberado por um oficial de alta patente, o general Santos, que declarou à imprensa que ele deveria “servir à pátria de outras maneiras”. O episódio é citado pela família do jovem de Campinas e por seu advogado, Cláudio Lino, especialista em direito militar, como exemplo de tratamento diferenciado. A lembrança reforça o debate sobre a falta de uniformidade nas decisões do alistamento.

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Impacto na Vida do Jovem

A situação do rapaz é crítica. Segundo sua mãe, o soldo de recruta não cobre nem as dívidas da empresa nem as necessidades básicas da família, que depende dele. O advogado que o representa destaca o risco de problemas psicológicos graves: “Extremamente tenso por não saber como quitar as dívidas assumidas e como ficará a família, esse jovem está sujeito a entrar no quartel e, ao mesmo tempo, ter o nome negativado no SPC”. A Revista Sociedade Militar enviou questionamentos ao Exército sobre os critérios usados para definir quem integra o efetivo, mas ainda aguarda resposta.


Texto adaptado de Revista Sociedade Militar e revisado pela nossa redação.

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