Morre aos 92 anos a arqueóloga Niède Guidon, guardiã da Serra da Capivara
Pesquisadora dedicou vida à preservação do patrimônio arqueológico do Piauí e revolucionou estudos sobre ocupação humana no Brasil
Pioneira da arqueologia brasileira falece tranquilamente no Piauí
A arqueóloga Niède Guidon morreu na madrugada desta quarta-feira (4), aos 92 anos. A informação foi confirmada pela diretora do Parque Nacional da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, Marian Rodrigues, que disse que Niède “partiu como um passarinho, tranquila”. A pesquisadora dedicou mais de cinco décadas de sua vida à preservação e estudo do patrimônio arqueológico brasileiro.
Legado científico transformou conhecimento sobre ocupação humana
Niède Guidon revolucionou os estudos arqueológicos no Brasil ao descobrir evidências de ocupação humana na Serra da Capivara que datam de mais de 50 mil anos, questionando teorias estabelecidas sobre a chegada dos primeiros habitantes às Américas. Suas pesquisas colocaram o sítio arqueológico piauiense no mapa mundial da arqueologia e contribuíram para reescrever a história da humanidade no continente.
Criação do Parque Nacional preservou patrimônio mundial
A arqueóloga foi fundamental na criação do Parque Nacional da Serra da Capivara em 1979 e na posterior declaração do local como Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1991. O parque abriga mais de 1.300 sítios arqueológicos e a maior concentração de pinturas rupestres das Américas, com registros que remontam a milhares de anos.
Incansável defensora da ciência e educação no semiárido
Durante décadas, Niède Guidon enfrentou desafios financeiros e burocráticos para manter as pesquisas e a preservação do parque. Ela fundou a Fundação do Homem Americano (FUMDHAM) em 1986 para apoiar os trabalhos científicos e desenvolveu projetos sociais que beneficiaram comunidades locais, sempre defendendo que a ciência deveria servir à sociedade.
Reconhecimento internacional consagra trajetória científica
A pesquisadora recebeu diversas honrarias nacionais e internacionais ao longo da carreira, incluindo a Ordem Nacional do Mérito Científico e reconhecimentos de universidades estrangeiras. Seu trabalho influenciou gerações de arqueólogos e antropólogos, estabelecendo o Brasil como referência mundial em estudos pré-históricos e consolidando a importância da Serra da Capivara para a ciência global.
Com informações de G1