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Fraude de US$ 10 milhões com IA: o caso de um bilhão de streams sem fãs

Mike Smith é acusado de lucrar US$ 10 milhões com músicas de IA e bots em plataformas como Spotify. Caso expõe fraudes no streaming.

Em 2017, Mike Smith e Jonathan Hay lançaram Jazz, um álbum que prometia ser o grande momento da dupla. Mas o sucesso meteórico, com Jazz (Deluxe) atingindo o topo da Billboard em 2018, desmoronou quando Hay notou algo estranho: apesar de bilhões de streams, não havia fãs. Em setembro de 2024, o FBI prendeu Smith, acusando-o de fraudar US$ 10 milhões em royalties usando músicas geradas por IA e bots, no primeiro caso criminal de manipulação de streaming com inteligência artificial nos EUA.

Como funcionava a fraude?

Smith, um empresário de clínicas médicas, teria criado centenas de milhares de músicas com IA, fornecidas por uma empresa como a Boomy, e as nomeava com termos como “Zygophyllum” ou artistas fictícios como “Calm Knuckles”. Ele usava até 10 mil contas falsas, operadas por bots, para tocar as faixas repetidamente em plataformas como Spotify e Apple Music. Para evitar detecção, espalhava os streams por milhares de músicas, garantindo que nenhuma parecesse suspeita. Em 2018, ele escreveu a cúmplices: “Precisamos de MUITAS músicas rápido para burlar as políticas antifraude”.

Para entender de forma simples

Imagine alguém enchendo playlists com músicas falsas criadas por um robô, como se fosse um gerador de “música instantânea”. Depois, usando contas falsas, ele faz essas músicas tocarem milhões de vezes, ganhando centavos por stream. No total, Smith lucrou US$ 10 milhões, enquanto artistas reais ficavam sem esses royalties. É como enganar um caixa eletrônico para pagar por transações falsas.

O papel de Jonathan Hay

Hay, parceiro musical de Smith, diz que desconhecia a fraude. Ele ficou intrigado quando Jazz caiu do topo da Billboard sem explicação e notou streams concentrados em lugares como o Vietnã. Após alertas de distribuidoras sobre fraude, Hay confrontou Smith, que negou tudo. Em 2019, Hay acusou Smith de crimes federais por e-mail e tentou denunciá-lo ao FBI, mas nada aconteceu até 2024. Hay agora se vê como uma vítima do esquema.

Impacto na indústria musical

A fraude de Smith expõe um problema bilionário: cerca de 1 a 10% dos streams globais são fraudulentos, segundo estudos. Plataformas como Spotify, que limitou os ganhos de Smith a US$ 60 mil dos US$ 10 milhões, investem em detecção de fraudes, mas o uso de IA torna esses esquemas mais sofisticados. A Boomy, certificada por boas práticas, nega envolvimento, mas o caso reacende debates sobre a ética da música gerada por IA.

Perspectivas e consequências

Smith, que se declarou não culpado, enfrenta acusações de fraude eletrônica e lavagem de dinheiro, com pena máxima de 60 anos. Seu caso, julgado em Nova York, pode definir precedentes para fraudes com IA. Enquanto alguns o veem como um “Robin Hood” contra plataformas que pagam pouco aos artistas, outros o condenam por roubar royalties legítimos. O esquema revela as falhas de um sistema onde a linha entre sucesso real e manipulação é cada vez mais tênue.

Com informações de WIRED, Forbes e Departamento de Justiça dos EUA.

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