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Radiotelescópio BINGO parte da China para estudar energia escura no Sertão da Paraíba

Radiotelescópio BINGO, que estudará energia escura, é enviado da China para Aguiar, na Paraíba, com montagem prevista para 2026.

O radiotelescópio BINGO, projetado para investigar a energia escura e a origem do universo, começou a ser enviado da China para Aguiar, no Sertão da Paraíba, em 9 de junho de 2025, conforme noticiado pelo G1 Paraíba em 11 de junho. A estrutura, que será instalada na Serra do Urubu, é parte de um projeto internacional liderado pelo Brasil, com conclusão prevista para 2026. O local foi escolhido por sua baixa interferência eletromagnética, ideal para captar ondas de rádio do cosmos.

Detalhes do envio e montagem

As estruturas do BINGO, incluindo espelhos primário e secundário e torres de cornetas, saíram do Porto de Tianjin, na China, rumo ao Porto de Suape, em Pernambuco, em uma viagem de quase dois meses. Transportadas em contêineres, as peças foram testadas e certificadas pelo 54º Instituto de Pesquisa da China Electronics Technology Group Corporation (CETC). Wu Yang, engenheiro sênior, destacou que o design priorizou a montagem no Brasil. Engenheiros paraibanos, treinados na China, replicarão o processo em Aguiar, onde 15 cornetas-antenas já estão armazenadas.

Objetivos científicos

O BINGO (Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations) captará ondas de rádio emitidas pelo hidrogênio neutro, o átomo mais abundante do universo, para mapear a distribuição de galáxias e estudar a energia escura, que compõe cerca de 70% do cosmos. Coordenado por Élcio Abdalla (USP), o projeto também investigará matéria escura e rajadas rápidas de rádio (FRBs), explosões cósmicas de milissegundos. A estrutura, do tamanho de um campo de futebol, observará 1/8 do céu em 24 horas, usando oscilações acústicas de bárions (BAOs) como “régua cósmica” para medir a expansão do universo.

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Investimento e parcerias

O projeto, orçado em cerca de R$ 35 milhões, tem financiamento do Governo da Paraíba (R$ 16 milhões), Fapesp, Finep, MCTI e governo chinês, com parcerias de países como Reino Unido, França e África do Sul. A UFCG e o INPE são instituições-chave, com estudantes locais sendo capacitados em tecnologias avançadas. A fase avançada, chamada Abdus, integrará o BINGO a telescópios chineses, como o Tianlai, ampliando sua capacidade de observação.

Impacto local e atrasos

A escolha de Aguiar, a 424 km de João Pessoa, deve-se à ausência de sinais de celular e rotas aéreas, minimizando interferências. A casa de comando e a usina solar estão prontas, e a fundação de concreto para as torres está em construção. Originalmente previsto para 2021, o projeto foi adiado pela pandemia e questões burocráticas, mas Abdalla garante que estudos teóricos avançam, com 10 cálculos estatísticos publicados. O BINGO também promete impulsionar a educação e o turismo científico na região, com planos para uma Cidade da Astronomia em Carrapateira.

Perspectivas futuras

Com montagem final prevista para 2025 e operação em 2026, o BINGO colocará o Brasil na vanguarda da radioastronomia, complementando projetos como o SKA na Austrália. Além de desvendar a energia escura, que acelera a expansão do universo, o telescópio monitorará pulsares, satélites e meteoros. A colaboração sino-brasileira, destacada pelo Consulado da China no Rio, reforça a importância do projeto, que pode atrair mais investimentos e posicionar a Paraíba como polo científico global.

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Com informações de Governo da Paraíba

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