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Direita ignora fala de Bolsonaro sobre “malucos” e o exalta como vítima de “forças malignas”

A direita bolsonarista minimizou a declaração de Jair Bolsonaro, que chamou de “malucos” os apoiadores que pediam intervenção militar em acampamentos após as eleições de 2022, e o retratou como alvo de “forças malignas” durante seu depoimento ao STF em 10 de junho de 2025. No interrogatório conduzido por Alexandre de Moraes, Bolsonaro negou envolvimento em uma trama golpista, mas admitiu ter discutido “alternativas” com chefes das Forças Armadas dentro da Constituição. A Folha de S.Paulo reportou em 12 de junho que a base aliada viu na fala uma tentativa de se desvincular de atos extremistas, enquanto a esquerda criticou a postura como covarde e pediu punição.

Reação da direita

Bolsonaristas, como o senador Damares Alves (Republicanos-DF), interpretaram a fala sobre “malucos” como uma “leveza” estratégica, sugerindo que Bolsonaro estava “tranquilo” e “confiante” no STF. Em postagens no X, aliados como @EduardoBolsonaro exaltaram o ex-presidente como vítima de perseguição, alegando que ele enfrenta “forças malignas” do establishment. Para a direita, a piada de Bolsonaro sobre Moraes ser seu “vice” em 2022 sinalizou desdém à acusação, reforçando a narrativa de que ele não planejou um golpe. O grupo ignora que Bolsonaro admitiu ter tido acesso a uma minuta golpista, conforme relatado por Mauro Cid.

Críticas da esquerda

A esquerda, por sua vez, viu a fala como uma tentativa de Bolsonaro de se esquivar da responsabilidade. O presidente Lula (PT) ironizou, dizendo que Bolsonaro estava “quase se borrando” no depoimento, segundo a Folha. Leonardo Sakamoto, em coluna no UOL, acusou Bolsonaro de jogar seus apoiadores “debaixo do ônibus” ao chamá-los de “malucos”. Parlamentares do PT, como Gleisi Hoffmann, cobraram punição, apontando que a confissão de discutir “alternativas” reforça a denúncia da PGR de tentativa de golpe, organização criminosa e danos ao patrimônio público, com pena potencial superior a 40 anos.

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Contexto do depoimento

Bolsonaro depôs como réu no STF, acusado de articular um golpe para impedir a posse de Lula após a derrota em 2022. Ele negou ter estimulado acampamentos golpistas ou atacado urnas eletrônicas com intenção de golpe, chamando suas críticas ao sistema eleitoral de “retórica política”. Citou declarações antigas de Flávio Dino e Carlos Lupi contra urnas para se defender, mas Moraes derrubou uma restrição de contato entre réus, indicando avanço no caso. O ritmo acelerado do STF, com interrogatórios de outros réus, sugere que o julgamento de Bolsonaro pode ocorrer a partir de setembro de 2025, conforme advogados ouvidos pela Folha.

Implicações políticas

A estratégia de Bolsonaro divide opiniões. Para a direita, sua postura no STF fortalece sua imagem de “mártir” perante a base, apesar de ele estar inelegível até 2030. A esquerda aposta que a confissão parcial pode acelerar sua condenação, com Mônica Bergamo relatando que aliados temem prisão até outubro. O caso reacende debates sobre a polarização política e os limites da liberdade de expressão, com bolsonaristas defendendo que os acampamentos eram “manifestações legítimas” e a esquerda os classificando como “ameaças à democracia”. O desfecho pode impactar as eleições de 2026, onde Bolsonaro insiste em influenciar, apesar das resistências no centrão.

Com informações de Folha de S.Paulo, UOL, STF, e posts no X.

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