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Irã pode acelerar programa nuclear após ataques israelenses

Especialista de Harvard alerta que bombardeios podem ter aumentado risco de Teerã desenvolver armas atômicas

O programa nuclear iraniano, que teve origem nos anos 1950 com apoio americano, volta ao centro das atenções internacionais após os bombardeios israelenses de quinta-feira (12). Especialistas alertam que os ataques podem ter o efeito contrário ao desejado, acelerando os esforços nucleares do Irã.

Ataques podem ter sido contraproducentes

Matthew Bunn, professor de Política Internacional da Universidade de Harvard, avalia que os bombardeios não foram suficientes para paralisar o programa nuclear iraniano. Segundo o especialista, os ataques podem levar o país a investir em instalações subterrâneas ainda mais profundas e difíceis de atacar.

“Acredito que o risco de o Irã ter armas nucleares em dez anos provavelmente é maior hoje que antes dos ataques”, declarou Bunn. A avaliação sugere que a estratégia militar pode ter criado mais incentivos para o desenvolvimento nuclear iraniano do que obstáculos.

Histórico conturbado do programa

O programa nuclear iraniano começou pacificamente nos anos 1950, com apoio dos Estados Unidos durante o regime do xá Reza Pahlavi. Tudo mudou com a Revolução Islâmica de 1979, que derrubou o xá e instalou o regime dos aiatolás, marcado pela hostilidade a Israel e aos Estados Unidos.

Em 2002, dissidentes iranianos revelaram que o país estava escondendo duas plantas nucleares: Natanz e Arak. Sob pressão internacional, o Irã suspendeu o programa e aceitou inspeções. As principais usinas de enriquecimento de urânio estão localizadas em Natanz, Fordow e Isfahan.

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Acordos fracassados e escalada atual

Em 2015, o Irã se comprometeu a limitar o enriquecimento de urânio até 2030 e permitiu acesso total da Agência Internacional de Energia Atômica às suas instalações. Em troca, Estados Unidos e Europa suspenderam sanções econômicas.

Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo em 2018, argumentando que após 2030 o Irã não teria restrições para produzir urânio enriquecido. A decisão desestabilizou todo o arranjo diplomático. Há cinco anos, a Agência Internacional de Energia Atômica afirma que o Irã não cumpre suas obrigações no acordo.

Situação atual preocupa comunidade internacional

O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu para discutir o conflito entre Israel e Irã. Rafael Grossi, diretor da Agência Internacional de Energia Atômica, lembrou que ataques a instalações nucleares são proibidos pela Convenção de Genebra, embora os danos atuais sejam considerados moderados.

Tanto Joe Biden quanto Trump tentaram recentemente fechar um novo pacto para impedir por tempo indeterminado o desenvolvimento de armas nucleares iranianas. Israel justificou seus ataques afirmando que, sem ação imediata, não conseguiria impedir o Irã de produzir bombas atômicas.

A situação permanece tensa, com o programa nuclear iraniano no centro de uma crise que envolve múltiplas potências regionais e globais, sem perspectiva clara de resolução diplomática.


Com informações do Jornal Nacional

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