Economia

A estratégia da China para dominar o mercado de elétricos

Um plano de longo prazo para liderar o futuro

Enquanto para a maior parte do mundo os carros elétricos ainda são considerados um bem de luxo, a China transformou essa tecnologia em um produto de massa, acessível e onipresente em suas cidades. Este não foi um acaso do mercado, mas sim o resultado de uma estratégia estatal calculada, iniciada há mais de duas décadas, que visava transformar o país na maior potência da indústria automotiva do futuro.

O domínio chinês, que hoje desafia as montadoras tradicionais da Europa e dos Estados Unidos, foi construído sobre pilares de planejamento governamental, subsídios massivos e um foco incansável no controle de toda a cadeia produtiva, das minas de lítio às concessionárias.

Os pilares da estratégia chinesa

A ascensão da China no setor de veículos elétricos (VEs) pode ser entendida a partir de uma abordagem multifacetada, onde o governo atuou como o principal catalisador do mercado. Os principais elementos dessa estratégia incluem:

  • Planejamento Antecipado: O governo chinês incluiu os veículos elétricos em seus planos econômicos quinquenais já em 2001, identificando o setor como estratégico para o futuro do país.
  • Subsídios Generosos: A partir da década de 2010, o Estado passou a injetar bilhões de dólares em subsídios para fabricantes e consumidores, tornando os carros elétricos mais baratos e incentivando a troca da frota.
  • Domínio da Cadeia de Suprimentos: Empresas chinesas, com apoio estatal, investiram pesadamente para controlar o refino de minerais críticos e a produção de baterias, o coração do carro elétrico. Gigantes como a CATL se tornaram líderes globais no fornecimento de baterias.
  • Escala do Mercado Interno: O imenso mercado consumidor da China permitiu que as montadoras locais, como a BYD, ganhassem escala, testassem tecnologias e reduzissem custos de produção de uma forma que concorrentes estrangeiros não conseguiam.
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De subsídios à conquista global

Após consolidar o domínio em seu mercado interno, a indústria chinesa de veículos elétricos iniciou uma agressiva fase de expansão global. Empresas como a BYD, hoje a maior montadora de carros eletrificados do mundo, estão desembarcando com força em mercados internacionais, incluindo a América Latina e a Europa.

No Brasil, a estratégia é visível com a chegada de modelos com preços competitivos e a construção de uma nova fábrica na Bahia. Essa “inundação” de carros elétricos chineses tem provocado reações da indústria automotiva tradicional, que teme a perda de mercado e pede medidas de proteção tarifária.

Os desafios no caminho do dragão

Apesar do sucesso inegável, a estratégia chinesa enfrenta desafios. A Europa e os Estados Unidos acusam a China de concorrência desleal devido aos pesados subsídios estatais e já começaram a impor tarifas mais altas sobre os veículos elétricos importados do país asiático. A China, por sua vez, levou a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC).

A batalha pela liderança no mercado de carros elétricos está, portanto, longe de terminar. Ela se transformou em uma disputa geopolítica complexa, que moldará não apenas o futuro da indústria automotiva, mas também o equilíbrio do poder econômico global nas próximas décadas.

Com informações de DW

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