Reino Unido avalia proibir publicidade de álcool para proteger saúde
A proposta do Partido Trabalhista
O debate sobre a publicidade de bebidas alcoólicas ganhou força no Reino Unido após o Partido Trabalhista, atualmente na oposição, sinalizar que considera uma proibição total da publicidade de álcool como medida para aliviar a pressão sobre o sistema público de saúde, o NHS. A proposta, liderada pelo secretário de Saúde do partido, Wes Streeting, mira em restringir a exposição de bebidas alcoólicas na TV, em outdoors e no patrocínio de eventos esportivos.
A medida, se implementada, representaria uma das mais rígidas regulações sobre a indústria de bebidas na Europa, similar às proibições que foram aplicadas à indústria do tabaco décadas atrás. O partido argumenta que a ação é uma resposta necessária a uma crescente crise de saúde pública relacionada ao consumo de álcool.
O argumento da saúde pública
O principal pilar da proposta é a saúde. Segundo dados do NHS, os custos relacionados a doenças e acidentes causados pelo álcool chegam a bilhões de libras anualmente, sobrecarregando hospitais e serviços de emergência. O Partido Trabalhista afirma que a publicidade massiva normaliza o consumo excessivo e atinge diretamente os jovens, criando uma nova geração de consumidores problemáticos.
Wes Streeting declarou que “não se pode ignorar o dano que o álcool causa” e que é preciso “ter uma conversa séria sobre se é correto ter um marketing onipresente de uma substância que prejudica a saúde de tantas pessoas”. A ideia é reduzir o apelo cultural do álcool, diminuindo o consumo e, consequentemente, os custos para o sistema de saúde britânico (NHS).
A reação da indústria de bebidas e publicidade
Como esperado, a proposta enfrenta forte resistência dos setores afetados. A indústria de bebidas alcoólicas e as agências de publicidade argumentam que uma proibição total seria uma medida desproporcional e ineficaz. Afirmam que a maior parte dos consumidores bebe de forma responsável e que a publicidade não é a causa do alcoolismo.
Eles alertam para um impacto econômico severo, com perdas de empregos e prejuízos para veículos de comunicação e clubes esportivos, que dependem fortemente do dinheiro vindo do patrocínio de marcas de bebidas. A alternativa defendida por eles é o foco em campanhas de consumo consciente e na educação, em vez de uma proibição generalizada.
Um debate global: publicidade versus saúde
O debate no Reino Unido não é isolado. Vários países ao redor do mundo, incluindo o Brasil, já discutiram ou implementaram restrições à publicidade de álcool. A questão central é sempre a mesma: onde traçar a linha entre a liberdade comercial e a responsabilidade do Estado de proteger a saúde pública?
A proposta britânica reabre essa complexa discussão em um cenário pós-pandemia, onde os sistemas de saúde estão sob pressão extrema. O resultado desse debate no Reino Unido poderá criar um precedente importante e influenciar políticas de saúde pública em outras nações nos próximos anos.