Presidente dos Correios pede demissão após prejuízos e pressão política
A saída de Fabiano Silva dos Santos
O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (4), após pouco mais de um ano e meio no comando da estatal. A saída ocorre em um momento de forte pressão política e de piora nos resultados financeiros da empresa, que registrou um prejuízo bilionário no primeiro trimestre de 2025. A decisão foi comunicada ao Palácio do Planalto, mas a oficialização aguarda o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Brasília.
Fabiano, um advogado ligado ao PT e ao Grupo Prerrogativas, estava no cargo desde o início do governo Lula. Sua gestão foi marcada pela oposição à privatização da estatal, mas também por uma série de resultados negativos que geraram um intenso desgaste político e minaram sua sustentação no cargo.
Resultados negativos e desgaste com o governo
O principal fator que selou o destino de Fabiano foi a performance financeira da empresa. No primeiro trimestre de 2025, os Correios registraram um prejuízo de R$ 1,7 bilhão, somando-se a um resultado negativo de R$ 2,6 bilhões em 2024. A divulgação desses números agravou a crise e intensificou as críticas à sua gestão.
Reportagens do portal Poder360 ao longo dos últimos meses já vinham apontando problemas na estatal, como o aumento das despesas operacionais, calotes em fornecedores e a renúncia a receitas que poderiam ter beneficiado a empresa. Esse cenário de degradação dos indicadores financeiros fez com que Fabiano perdesse o apoio de ministros importantes do governo, como Rui Costa, da Casa Civil.
A disputa pelo comando da estatal
Além da crise financeira, a saída de Fabiano Silva dos Santos é resultado de uma intensa disputa política pelo comando da empresa. O União Brasil, partido que comanda o Ministério das Comunicações — pasta à qual os Correios são vinculados —, vinha negociando nos bastidores para indicar um nome de sua confiança para a presidência da estatal.
A pressão política, exercida por figuras como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), se intensificou nas últimas semanas. A demissão de Fabiano abre caminho para que o governo negocie com o partido e acomode seus aliados em uma das estatais mais cobiçadas da Esplanada, em uma troca que visa garantir apoio político no Congresso Nacional.
Os desafios do futuro dos Correios
Com a saída do advogado, o governo terá a tarefa de escolher um novo comandante para enfrentar os enormes desafios dos Correios. O próximo presidente precisará lidar com um cenário de forte concorrência no setor de logística e encomendas, a necessidade de modernização tecnológica e, principalmente, a urgência de reverter os prejuízos e garantir a sustentabilidade financeira da empresa.
A escolha entre um nome técnico ou um nome político para o cargo será decisiva para o futuro de uma das empresas públicas mais importantes e capilares do Brasil, cujo destino continua a ser um tema central no debate político e econômico do país.
Redação com informações de Veja