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Presidente da Câmara, Hugo Motta, contratou cinco parentes de funcionárias fantasmas para seu gabinete

Um novo escândalo atinge o coração da Câmara dos Deputados, envolvendo o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Após a revelação de que empregava funcionárias fantasmas em seu gabinete, vieram à tona informações de que cinco parentes dessas mesmas servidoras também foram contratados pelo parlamentar.

Funcionárias fantasmas e nepotismo cruzado

A denúncia inicial apontava para três funcionárias com rotinas incompatíveis com as atividades legislativas. Entre elas, Gabriela Pagidis, uma fisioterapeuta que atuava em clínicas do Distrito Federal ao mesmo tempo em que recebia um salário de R$ 11,4 mil da Câmara. Outra funcionária, Monique Magno, exercia cargo público na Prefeitura de João Pessoa, o que é vedado pelo regimento da Câmara.

Após ser questionado pela imprensa, Motta exonerou Gabriela e Monique, mas não se pronunciou sobre a contratação de seus familiares. Entre os nomes que passaram pelo gabinete do deputado estão a mãe de Gabriela, Athina Pagidis (ex-chefe de gabinete), sua tia Adriana Pagidis, sua irmã Barbara Pagidis e seu primo Felipe Pagidis — todos lotados simultaneamente em determinado período entre 2021 e 2022.

Athina, a matriarca do grupo, foi a primeira a integrar a equipe de Motta, no início de seu mandato em 2011, permanecendo até 2019. Atualmente, apenas Felipe continua como funcionário, mas agora vinculado ao gabinete do deputado Wellington Roberto (PL-PB), embora o próprio gabinete desconheça sua presença em Brasília.

Acúmulo ilegal de cargos e vínculos familiares

Monique Magno, além de ter atuado como assistente social na Prefeitura de João Pessoa, teve a mãe, a advogada Marcia Agra de Souza, contratada por Hugo Motta entre 2011 e 2015. Marcia atualmente presta serviço ao deputado João Carlos Bacelar (PL-BA), mesmo mantendo residência e escritório profissional na Paraíba, o que contraria a norma que restringe contratações a pessoas domiciliadas no estado de origem do deputado ou no DF.

A justificativa oficial de Hugo Motta se limita a afirmar que seu gabinete “preza pelo cumprimento rigoroso das obrigações dos funcionários, inclusive os que atuam remotamente”, sem responder diretamente às denúncias de nepotismo cruzado e irregularidade funcional.

Repercussão e silêncio institucional

Apesar da gravidade dos fatos, não houve até o momento manifestação da Mesa Diretora da Câmara ou de órgãos de controle interno sobre possíveis apurações. Em 2022, uma operação da Polícia Federal conhecida como Famintos revelou um esquema semelhante envolvendo servidores fantasmas na Paraíba, resultando em condenações e repercussão nacional — um episódio que mostra a recorrência e a complexidade dessas práticas no serviço público brasileiro.

O caso de Hugo Motta amplia o debate sobre moralidade administrativa e a fragilidade dos mecanismos de fiscalização no Legislativo federal, sobretudo em um momento em que o país discute com mais intensidade a ética no setor público.

Com informações da Folha de S.Paulo e G1 [GTP-OHT-20250717-2242-ANB]

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