Economia

Visa muda de jogo e adota Pix para sobreviver no Brasil

Gigante dos cartões cria nova empresa para operar sem cartão, em resposta à revolução do sistema de pagamentos nacional

Empurrada pela maré digital que o Pix instaurou no Brasil, a Visa — maior bandeira de cartões do mundo — decidiu tirar o “cartão” do próprio nome. A companhia criou uma nova startup, batizada de Visa Conecta, com a missão de operar diretamente via Pix e iniciar pagamentos sem precisar do tradicional pedaço de plástico.

Essa movimentação estratégica revela mais do que uma adaptação: trata-se de uma confissão tácita de que o modelo bancário brasileiro, impulsionado pelo Banco Central, tornou obsoleto o velho circuito de bandeiras e maquininhas. Com o Pix gratuito para pessoas físicas e quase sem custo para empresas, os lojistas trocaram o cartão pela instantaneidade e economia da nova tecnologia.

O próprio modelo de negócios da Visa está em xeque. Antes, lucros vinham do percentual cobrado a cada transação. Agora, o Pix — uma “rodovia pública” do dinheiro — permite que o pagamento vá direto da conta do cliente para a do lojista, sem pedágio para as operadoras.

Em reação ao avanço dessa nova lógica, a Visa tenta preservar relevância oferecendo pagamentos online com apenas um clique, sem que o consumidor precise informar qualquer número de cartão. É um gesto de adaptação a um cenário que, ironicamente, a empresa ajudou a moldar — ao estimular por décadas o consumo eletrônico — mas que agora a coloca como forasteira num novo território digital.

Enquanto o Brasil transforma pagamentos em infraestrutura pública, os EUA ainda seguem atrelados a soluções privadas e fragmentadas como Zelle, Venmo ou Apple Pay. Nenhuma delas é universal, tampouco imposta como política de Estado. Lá, o sistema financeiro ainda gira em torno dos interesses das grandes corporações; aqui, ao menos nesse campo, o jogo é mais democrático.

A Visa Conecta tenta surfar na crista dessa onda, mas ela própria sabe: o mar já não aceita veleiros com bandeiras antigas. O cartão virou acessório — e quem não se integra ao Pix corre o risco de ser deletado da carteira do brasileiro.

Com informações de CBN e Poder360

[CPT-OAI-190725-1255-4oM]

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