Governo Lula deixa Aliança Internacional para a Memória do Holocausto em meio a tensões com Israel
O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou nesta quinta-feira (24) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retirou o Brasil da IHRA (Aliança Internacional para a Memória do Holocausto). O Brasil, que atuava como membro observador da entidade desde 2021, não divulgou a informação oficialmente, mas a saída foi confirmada pelo Poder360. A decisão surge em um momento de crescentes tensões diplomáticas entre os dois países.
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Críticas de Israel e falha moral
Em uma publicação na rede social X, o ministério israelense criticou duramente a postura brasileira: “Em uma época em que Israel luta por sua própria existência, voltar-se contra o Estado judeu e abandonar o consenso global contra o antissemitismo é imprudente e vergonhoso”.
Ainda na declaração, o Ministério das Relações Exteriores israelense condenou a decisão do Brasil de aderir a uma ação na CIJ (Corte Internacional de Justiça), órgão judicial da ONU, contra Israel pelas operações militares na Faixa de Gaza. A ação, protocolada em janeiro de 2024 pela África do Sul, acusa Israel de violar a convenção internacional, de ter uma “conduta genocida” e de promover o “assassinato em massa de civis”.
Segundo o ministério israelense, “a decisão do Brasil de se juntar à ofensiva jurídica contra Israel na CIJ, ao mesmo tempo em que se retira da IHRA, é uma demonstração de uma profunda falha moral”.
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Justificativa brasileira e a Convenção do Genocídio
Em nota divulgada na quarta-feira (23), o MRE (Ministério das Relações Exteriores) do Brasil justificou a adesão à ação na CIJ com base na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio. O MRE afirmou que a decisão reflete o “dever dos Estados de cumprir com suas obrigações de Direito Internacional e de Direito Internacional Humanitário, frente à plausibilidade de que os direitos dos palestinos de proteção contra atos de genocídio estejam sendo irreversivelmente prejudicados, conforme conclusão da Corte Internacional de Justiça nas medidas cautelares anunciadas em 2024”.
A Convenção do Genocídio foi estabelecida pelos países-membros da ONU após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com o propósito de prevenir crimes contra a humanidade. A saída do Brasil da IHRA e sua adesão ao processo na CIJ marcam uma guinada na política externa brasileira em relação ao conflito israelo-palestino, gerando um impacto significativo nas relações diplomáticas com Israel.
Redação do Movimento PB GME-GOO-25072025-2049-25F